7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro
de 1980
“The Wall”, dos Pink Floyd, um duplo álbum conceptual
concebido por Roger Waters, foi editado em Inglaterra em 30 de Novembro de
1979, entrou no top do Rock em Stock em Dezembro e subiu ao 7.º lugar em 5 de
Janeiro de 1980. Manter-se-ia no top até Setembro de 1980, sendo o 3.º álbum com
maior longevidade e um dos 10 mais votados da história do top do Rock em Stock
(1979-1982).
“Another brick in the wall, Part 2” foi concebida para ser
uma curta canção acústica de cerca de minuto e meio (a gravação dessa versão inicial foi editada apenas em 2012, numa reedição especial do álbum). Foi o
produtor Bob Ezrin que sugeriu o ritmo “disco” (o resultado agradou aos Pink
Floyd) e teve a ideia do coro infantil, que foi gravado numa escola próxima do
estúdio, onde 23 crianças cantaram os versos da canção. Quando ouviram a
gravação do coro, os Pink Floyd convenceram-se a editar a canção em single, o
primeiro single editado pela banda no Reino Unido desde os anos 60.
O single foi editado poucos dias antes do álbum e foi um
estrondoso sucesso por todo o lado. Em 5 de Janeiro de 1980, era ainda o 1.º
lugar no top 75 britânico e em Fevereiro e Março de 1980 chegaria aos primeiros
lugares em muitos outros países: EUA, Alemanha, Canadá, Nova Zelândia, Noruega,
Suécia, etc. Mesmo tendo sido editado só no final do ano, ficou na lista dos 15
singles mais vendidos no Reino Unido em 1979, o que não é de estranhar: logo
nos primeiros 5 dias após a sua edição vendeu mais de 300 mil exemplares e em
Janeiro já tinha atingido mais de um milhão de discos vendidos (o single viria
a ser também um dos mais vendidos em 1980).
A versão do álbum, que surge no seguimento de “The happiest
days of our lives” (as duas canções eram frequentemente tocadas juntas nas
rádios), tem cerca de 4 minutos, enquanto a do single pouco ultrapassa os 3
minutos, já que cortava parte do memorável solo de guitarra de David Gilmour (uma
versão alargada da versão single, também com cerca de 4 minutos, seria editada dois
anos depois, na colectânea “A Collection of Great Dance Songs”, editada pelos
Pink Floyd em 1981, já com inclusão da totalidade do solo de guitarra).
“The happiest days of our lives” abre com o ruído de um
helicóptero de guerra que anuncia a chegada do “professor-militar” /
“professor-helicóptero” («You! Yes, you! Stand still, laddy»), o professor
autoritário, humilhador e castrador da individualidade e que, na imaginação de
Pink - a personagem central do disco -, em casa leva pancada da mulher,
desforrando-se depois nos alunos.
O tijolo adicional no muro, na parte 2 de “Another brick in
the wall”, foi frequentemente objecto de interpretações equívocas,
atribuindo-se à canção um sentido “anti-sistema educativo”, como inculcariam
literalmente as palavras “we don’t need no education”, quando, na verdade,
estava apenas em causa o tipo particular de sistema educativo em que Roger
Waters tinha sido educado. Roger Waters diria várias vezes, ao longo dos anos,
que ninguém era mais “pró-educação” do que ele. A autonomização da canção em
single, desligada do resto do disco e, em especial, da canção que a antecede
(“The happiest days of our lives”), facilitou os equívocos. A principal razão
pela qual os Pink Floyd não gostavam de editar singles de canções inseridas em
álbuns conceptuais era precisamente essa: a descontextualização.
Em qualquer caso, a canção tornou-se rapidamente um hino
estudantil de protesto e, goste-se ou não dela, a sua importância foi inegável.
“We don’t need no” é uma dupla negativa que, na prática, é
uma construção gramaticalmente incorrecta - e uma expressão que ninguém usava.
O que torna credível a tese de Tom Robinson de que a frase “we don’t need no
education” foi inspirada na frase “we don’t need no aggravation”, várias vezes
repetida no final da canção “Bully for you”, editada em 1979 pela Tom Robinson
Band (canção já assinalada neste blogue, aqui).
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