Quase um ano depois do início da Rádio Comercial (Março de 1979), António Sérgio, que vinha fazendo, na rádio da Igreja Católica, à noite, o programa Rotação, mudou-se para a Comercial, aí iniciando, também em horário nocturno, o mítico Rolls Rock (uma hora por dia), que António Sérgio haveria de descrever, um ano mais tarde, como um «prolongamento activo e “pacificador”» do «efeito desvastante» do Rock em Stock. Tal como tinha sucedido com o Rotação, o Rolls Rock, em 1980, distinguia-se do Rock em Stock muito mais pelo estilo de apresentação de António Sérgio, radicalmente diferente do de Luís Filipe Barros, do que pela música (com pendor crescentemente mais alternativo no Rolls Rock). No final de 1980, o Rolls Rock avaliará os melhores do ano numa trintena de categorias e os nomes então escolhidos por António Sérgio são os que se ouviam também no Rock em Stock e que se tinham destacado em 1980 no top do Rock em Stock.
O Rolls Rock manter-se-ia no ar até 1982, acabando ao mesmo tempo que o Rock em Stock.
1980 será um ano de ouro no Rock em Stock. O programa que tinha surgido em Abril de 1979 era já o mais ouvido do FM português. O top do Rock em Stock tornou-se uma instituição nacional e passará mesmo a ser transmitido também na Onda Média. A partir da Primavera de 1980, sucedem-se os tops de vendas em que quase todos os 10 álbuns mais vendidos em Portugal são discos que tinham sido divulgados no Rock em Stock. O próprio álbum comemorativo do 1.º aniversário do Rock em Stock – que não era propriamente composto de canções comerciais – só por um triz não liderará o top de vendas nacional. Ainda na Primavera, começam a aparecer os autocolantes colocados nos discos pelas editoras, indicando que o disco tinha sido 1.º lugar no top do Rock em Stock.
Muitas discotecas abandonam progressivamente a praga do “disco sound” e acolhem a New Wave e a música passada no Rock em Stock. O próprio Luís Filipe Barros (que passa a ser conhecido como “Berros” devido ao estilo de apresentação do programa) é crescentemente convidado para DJ em discotecas, em autênticas sessões ao vivo do Rock em Stock, que tinham lotação esgotada com dias de antecedência.
1980 é o primeiro grande ano de concertos em Portugal - e muito graças à popularidade e ao sucesso do Rock em Stock e do seu top, que começou a chamar a atenção dos agentes estrangeiros. Em 1980, actuarão em Portugal nomes como Ramones, Police, Cheap Trick, Tubes, Joe Jackson, Lene Lovich, Lou Reed, Fischer-z, Skids, Tourists, 999, Dirty Looks, Original Mirrors ou Peter Gabriel (que haveria de ser considerado o melhor concerto do ano). Portugal está finalmente na rota internacional dos concertos.
O ano de 1980 começa com o punk a liderar o top de álbuns do Rock em Stock. O furacão Two Tone (a fusão do Ska com a New Wave / Punk) e outros movimentos de base revivalista e a crescente popularidade do Reggae levarão, num abrir e fechar de olhos, ao aparecimento de um novo top no Rock em Stock, o top de ska & reggae. Surgem ou consolidam-se novos subgéneros da New Wave / Post-Punk e, ao longo do ano, aparecerão, no top do Rock em Stock, os primeiros discos cantados em português (dois no top de álbuns, dois no top de singles), antes da invasão lusa de 1981, ano em que surgirá a Lei 12/1981, que impôs, em cada canal de rádio, uma quota mínima de música cantada em português.
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