Specials – Gangsters

Atribui-se a John Peel a opinião de que 1979 tinha sido o melhor ano de sempre em termos musicais. Numa entrevista em 1979, uma das canções que Peel destacou foi este “Gangsters”.

O single de estreia dos Specials e o 1.º de 7 singles consecutivos da banda a atingir o top 10 britânico (todos os singles dos Specials até à separação da banda em 1981).

O single foi também o 1.º disco lançado pela editora “2 Tone Records”, criada em 1979 pelo teclista e compositor dos Specials, Jerry Dammers, editora que ficaria indelevelmente identificada com o movimento revivalista Ska, de tal forma que 2 Tone ficou mesmo para a história como nome de género musical, a fusão do Ska / Reggae / Rocksteady com o Punk e a New Wave.

“2 Tone” tinha um duplo sentido: por um lado, referia-se aos fatos de dois tons usados pelos músicos de Ska jamaicanos dos anos 60; por outro lado, ao preto e branco, como elemento anti-racista. Os Specials não eram apenas uma banda multirracial (como os Beat, os Selecter, os UB40 e outras bandas que surgiram nesta época), também integravam activamente o movimento britânico Rock Against the Racism (RAR), nascido contra o movimento neonazi e racista na Grã-Bretanha dos anos 70.

O single foi editado inicialmente na Primavera de 1979, numa edição limitada, tendo “Gangsters” dos Specials como lado A e, no lado B, o instrumental “The Selecter”, que também foi a estreia dos Selecter. O single (mesmos lados A e B) foi depois reeditado em Julho de 1979 e permaneceu no top britânico de singles entre Julho e Outubro, tendo chegado ao 6.º lugar em Setembro. Aparece na lista dos 100 singles mais vendidos no Reino Unido em 1979. Foi ainda 6.º na Bélgica e 11.º na Holanda.

No single, a banda era identificada como “The Special A.K.A.”, mas ninguém a chamava assim: toda a gente passou a denominá-la “Specials” e foi esse o nome que a banda acabou por adoptar (após a “divisão” da banda em 1981 – três membros sairiam para fundar os Fun Boy Three –, o nome “Special A.K.A.” seria readoptado pelos que ficaram).

A canção “Gangsters” é inspirada no instrumental “Al Capone”, de 1964, do músico ska jamaicano Prince Buster (o mesmo autor de “One step beyond”), o que incluiu a recriação das palavras com que abre “Al Capone” – “Al Capone’s guns don’t argue” –, abrindo “Gangsters” com as palavras "Bernie Rhodes knows don't argue". Bernie Rhodes tinha sido agente dos Specials (e dos Clash) e os Specials protestavam por ele não os ter defendido em França - toda a canção foi inspirada num episódio ocorrido durante uma digressão que os Specials fizeram em França com os Clash, em que os Specials foram injustamente acusados de distúrbios e danos provocados num hotel por músicos de outra banda e viram mesmo ser confiscada uma guitarra para garantia de pagamento dos danos (“Can't interrupt while I'm talking / Or they'll confiscate all your guitars”, canta-se em “Gangsters”).

Apesar do seu sucesso, “Gangsters” viria a ficar de fora do álbum de estreia dos Specials (excepto em algumas edições nos EUA, Austrália e Nova Zelândia) e a canção só viria a ser reeditada em compilações dos Specials, a partir dos anos 90. Para mal dos pecados dos portugueses, já que o single “Gangsters” não foi editado em Portugal.

O top do Rock em Stock passa a top semanal



30 de Janeiro de 1980 foi, desde Maio de 1979, a primeira 4.ª feira sem top. O programa abandonou finalmente o inusual top bissemanal (à 4.ª feira e ao sábado) e os tops de singles e de álbuns passaram a ter periodicidade semanal, sendo divulgados ao sábado, esquema que se manteria até ao último top em 30 de Janeiro de 1982.

Ramones - Teenage lobotomy (live)

5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 26 de Janeiro de 1980

A versão ao vivo de “Teenage Lobotomy”, do álbum “It’s Alive”, dos Ramones, de 1979, que era o 5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 26 de Janeiro de 1980.

Cheap Trick – Writing on the wall


2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 26 de Janeiro de 1980

Writing on the wall”, do álbum “Dream Police”, dos Cheap Trick, 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 26 de Janeiro de 1980.

Penetration – Party's over

12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 1980

“Party’s over”, do álbum “Coming up for air”, o segundo dos Penetration, editado em 1979, que foi 36.º lugar no top 100 britânico. Era o 12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 1980.

Dexys Midnight Runners – Dance stance


“Dance stance”, single editado no final de 1979, foi a estreia dos ingleses Dexys, formados por Kevin Rowland e Kevin Archer (que recrutaram os outros seis membros), oriundos de uma banda Punk de nome The Killjoys – e há quem tenha de ver e ouvir para crer:



“Dance stance”, que permanece como uma das canções dos Dexys favoritas de Kevin Rowland, chamava-se, na realidade, “Burn it down” e foi o agente da banda, Bernard Rhodes, que convenceu os Dexys a mudar o nome para um mais simpático “Dance stance”, mudança de que os Dexys se arrependeriam. Tal como os Specials, também os Dexys despediriam rapidamente Bernard Rhodes.

Contra o preconceito anti-irlandês abundante em Inglaterra, o refrão da canção cita uma série de dramaturgos e escritores irlandeses - Oscar Wilde, Brendan Behan, Sean O'Casey, George Bernard Shaw, Samuel Beckett, Eugene O'Neill, Edna O'Brien e Lawrence Stern (“Never heard about / Don't know about”). Como diria mais tarde Kevin Rowland, «se os irlandeses são ‘broncos’, como é que produziram todos esses grandes escritores?”. 

Não correu mal a estreia dos Dexys. O single entrou no top britânico em 19 de Janeiro de 1980 e por aí se manteve mais de um mês, alcançando o 40.º lugar em Fevereiro.

O single “Dance stance” não foi editado em Portugal, mas a canção integrou a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock, editada em Abril de 1980.

A canção foi regravada para o primeiro álbum dos Dexys, editado em 1980, sendo a canção de abertura do álbum, mas já sob o nome original de “Burn it down”.

Madness – One step beyond

1.º lugar no top de singles e 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 26 de Janeiro de 1980

Do movimento revivalista em torno do Ska, os Madness foram, no Rock em Stock, a primeira banda a chegar ao top de singles (com o single “One step beyond” em 1 de Dezembro de 1979) e também ao top de álbuns (em 12 de Janeiro de 1980, com o álbum “One step beyond”). O single chegou ao 1.º lugar no top de 26 de Janeiro de 1980 e o álbum, que na mesma data ocupava o 7.º lugar, estava então em subida imparável no top de álbuns.

No top britânico, o single permaneceu no top entre Novembro de 1979 e Fevereiro de 1980, chegando ao 7.º lugar em Dezembro de 1979. E o álbum foi um notável sucesso, permanecendo no top britânico, ininterruptamente, entre Novembro de 1979 e Outubro de 1980 (e a partir daí, com interrupções, até ao Verão de 1981), atingindo a sua melhor posição em Fevereiro de 1980: o 2.º lugar, só atrás do álbum de estreia dos Pretenders.

“One step beyond”, editado pela Stiff, foi o 2.º single dos Madness. O primeiro, “The Prince”, tinha sido editado pela “2 Tone Records”. O denominador comum dos dois singles é Prince Buster, o famoso músico de Ska jamaicano dos anos 60. “The Prince” é uma canção dos Madness de homenagem a Prince Buster e “One step beyond” é uma versão dos Madness de uma canção originariamente editada em 1964 pelo próprio Prince Buster. A versão dos Madness inicia com uma introdução falada, que começa com as palavras “Hey you, don't watch that / Watch this” (retiradas de outra canção de Prince Buster, “Scorcher”) e “This is the heavy / Heavy monster sound” (retiradas de uma canção dos também jamaicanos Dave Barker & Ansel Collins, “Monkey spanner”).

A introdução é encurtada na versão single (que, apesar disso, com 2min20seg, é um pouco maior do que a versão do álbum). Uma versão mais longa da canção (três minutos e meio) foi editada nos EUA.

“One step beyond”, na versão do álbum, é uma das canções que integra a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

Clash – Pressure drop



Em 1979, o ano da explosão da chamada 2.ª vaga do Ska, os Clash editaram a sua versão de “Pressure drop”, o clássico de 1969 dos jamaicanos Maytals, tornado internacionalmente conhecido em 1972, quando integrou a banda sonora do filme The Harder They Come. Os Clash já tocavam a canção ao vivo desde 1977. Ainda em 1977, tentaram gravar a canção com o jamaicano Lee Perry, para o lado B do 1.º single da banda (“Complete control”), mas, como revelaria Mick Jones, o resultado não agradou. Em 1978, voltaram a gravar a canção e foi essa gravação que foi editada em 1979. É essa, por assim dizer, a versão “definitiva”, que aparece em várias compilações dos Clash (incluindo a compilação “Super Black Market Clash”, ao contrário do que se poderia concluir do vídeo acima). A versão aqui contemplada é uma versão remisturada por Bill Price, especialmente para a compilação “Black Market Clash”, editada em 1980 nos EUA e no Canadá, em formato 10”.

Joe Strummer estava com a garganta afectada quando os Clash gravaram a canção, o que é perceptível. Mas nem por isso a canção foi regravada.

Nos primeiros meses de 1979, e mesmo antes da edição do single pelos Clash, uma versão de “Pressure drop” fez parte do alinhamento dos concertos de Joe Jackson. E também Robert Palmer tocava ao vivo a sua versão da canção em 1979.

Top de 23 de Janeiro de 1980 (álbuns)


Top de álbuns do Rock em Stock 23/1/1980 (reconstituição) (duração: 44min)

Do 20.º para o 1.º lugar, os 20 álbuns do top do Rock em Stock de 23 de Janeiro de 1980. Dois terços destes álbuns não estavam editados em Portugal.

Top de 23 de Janeiro de 1980 (singles)


Top de singles do Rock em Stock 23/1/1980 (reconstituição) (duração: 19min)

Do 10.º para o 1.º lugar, os 10 singles do top do Rock em Stock de 23 de Janeiro de 1980. Dos singles entre o 2.º e o 10.º lugar, só um tinha estado no 1.º lugar. O acesso ao n.º 1 do top de singles do Rock em Stock continuava a não ser fácil. Nas primeiras 74 edições do top, entre 12/5/1979 e 23/1/1980, tinham chegado ao 1.º lugar apenas 19 singles.

Shirts – Laugh and walk away

1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock em 19, 23 e 26 de Janeiro de 1980

“Laugh and walk away”, mais uma canção que marcou o Rock em Stock. Vindos do Punk / New Wave nova-iorquino, os Shirts tiveram algum êxito, desde o primeiro álbum, em alguns países da Europa (onde chegaram a fazer a 1.ª parte de concertos de Peter Gabriel, a convite deste), como França, Holanda ou Bélgica, mas, sobretudo, Portugal, o país onde a banda alcançou maior sucesso e o único país onde os Shirts foram n.º 1, à custa deste inspirado “Laugh and walk away”, single retirado do seu segundo álbum, “Street light shine”, de 1979. No final de Novembro de 1979, o single atingiu o 10.º lugar na Holanda e o 17.º na Bélgica. Mas foi em Portugal que a canção teve os seus dias (meses) de glória. Graças ao Rock em Stock.

O álbum “Street light shine” entrou no top do Rock em Stock em Outubro de 1979 e aí se manteve até Março de 1980. Chegou ao 3.º lugar em 10 de Novembro de 1979 e atingiu o 1.º lugar nos tops de 19, 23 e 26 de Janeiro de 1980.

“Laugh and walk away” integrou a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

Dickies – Nights in white satin

1.º lugar no top de singles do Rock em Stock em 2, 5, 9, 12, 16, 19 e 23 de Janeiro de 1980

A quase irreconhecível versão Punk do clássico de 1967 dos Moody Blues, “Nights in white satin”, pelos Dickies, do segundo álbum desta banda californiana, “Dawn of the Dickies”, editado no Outono de 1979.

O álbum não ultrapassou o 60.º lugar no top 100 britânico, mas o single chegou ao 39.º lugar no top 75 de singles.

No top de singles do Rock em Stock desde Dezembro de 1979, “Nights in white satin” atingiu o 3.º lugar no final de Dezembro e abriu 1980 no 1.º lugar, tendo ocupado o n.º 1 nos tops de 2, 5, 9, 12, 16, 19 e 23 de Janeiro de 1980.

“Nights in white satin”, na versão dos Dickies, integrou a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

O Punk iniciou 1980 em força no Rock em Stock, liderando os primeiros tops de 1980: Ramones no top de álbuns (“It’s Alive”, n.º 1 nos primeiros cinco tops de 1980) e Dickies no top de singles (n.º 1 nos primeiros sete tops de 1980, só falhando o 1.º lugar no último top de Janeiro).

Penetration - Shout above the noise


7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 19 de Janeiro de 1980

O álbum “Coming up for air”, dos Penetration, a banda de Pauline Murray, 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 19 de Janeiro de 1980.

Cheap Trick - The house is rockin' (With domestic problems)


2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 19 de Janeiro de 1980

«The house is rockin’», do álbum “Dream Police”, dos Cheap Trick. O álbum, que já tinha sido n.º 1 no top de álbuns do Rock em Stock em Novembro e Dezembro de 1979, mantinha-se nos primeiros lugares em Janeiro de 1980, ocupando o 2.º lugar no top de álbuns de 19 de Janeiro.

Police - Contact


9.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 19 de Janeiro de 1980

“Contact”, do álbum “Regatta de Blanc”, dos Police, 9.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 19 de Janeiro de 1980, depois de ter sido n.º 1 durante quase todo o mês de Novembro de 1979.

Dr. Feelgood - Drop everything and run


15.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 16 de Janeiro de 1980

“Drop everything and run”, do álbum “Let it roll”, editado pelos Dr. Feelgood em Novembro de 1979. O álbum, que já tinha andado pelo 1.º lugar do top do Rock em Stock em Dezembro de 1979, era o 15.º lugar no top de 16 de Janeiro de 1980.

Penetration - Last saving grace


11.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 16 de Janeiro de 1980

“Last saving grace”, do álbum “Coming up for air”, o segundo dos ingleses Penetration, liderados por Pauline Murray, editado em Setembro de 1979. O álbum era o 11.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 16 de Janeiro de 1980, numa altura em que os Penetration já tinham acabado.

Ramones – I wanna be well (live)


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock em 2, 5, 9, 12 e 16 de Janeiro de 1980 e um dos 20 álbuns mais votados na história do top do Rock em Stock (1979-1982)

“I wanna be well”, na versão do duplo álbum ao vivo “It’s alive”, editado em 1979, registo do histórico concerto da véspera de ano novo que os Ramones deram no Rainbow Theatre de Londres em 31 de Dezembro de 1977.

O álbum “It’s alive”, no top do Rock em Stock desde o Verão de 1979, foi um dos 20 mais votados da história dos tops do Rock em Stock (1979-1982), tendo liderado os primeiros tops de 1980: 1.º lugar nos tops de 2, 5, 9, 12 e 16 de Janeiro de 1980.

Joe Jackson – I’m the man


18.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980

“I’m the man”, o tema-título do segundo álbum de Joe Jackson, que já tinha sido n.º 1 do top do Rock em Stock em Dezembro de 1979 e era o 18.º lugar no top de álbuns de 12 de Janeiro de 1980.

Wire - Blessed State



“Blessed state”, do álbum “154”, dos Wire.

Solid Senders - Blazing fountains


2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock em 5, 9 e 12 de Janeiro de 1980

Depois de sair dos Dr. Feelgood em 1977, Wilko Johnson, de seu nome verdadeiro John Wilkinson, fundou os Solid Senders, que editaram um único álbum, intitulado precisamente “Solid Senders”. No Rock em Stock, o álbum manteve-se três tops consecutivos no 2.º lugar, em 5, 9 e 12 de Janeiro de 1980, poucas semanas antes de os Solid Senders actuarem em Portugal, num concerto que contou com o apoio do Rock em Stock.

Siouxsie & The Banshees – Playground twist

12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980

“Playground twist”, a única canção do álbum “Join hands” a ser editada em single (uns meses antes da edição do álbum) e que chegou ao 28.º lugar no top 75 britânico de singles no Verão de 1979.

O álbum “Join hands” era 12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980.

Talking Heads - Air


17.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980

“Air”, do álbum “Fear of music”, dos Talking Heads, que já tinha andado pelo 1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock em Outubro de 1979 e era ainda 17.º lugar no top de 12 de Janeiro de 1980.

Ramones - Rockaway Beach (live)


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980

“Rockaway Beach”, a mais famosa canção sobre a praia nova-iorquina com o mesmo nome, foi escrita pelo baixista dos Ramones, Dee Dee Ramone, que a utilizava como local de refúgio pessoal, depois de se mudar da Alemanha para Nova Iorque, com a sua mãe, em fuga de um pai alcoólico.

O álbum “It’s Alive” era o 1.º lugar do top do Rock em Stock de 12 de Janeiro de 1980.

Blondie - The Hardest Part


“The hardest part”, do álbum “Eat to the beat”, dos Blondie. Nos EUA e no Canadá, foi editado em single em Janeiro de 1980, o 2.º single retirado do álbum. Chegou ao 84.º nos EUA em Fevereiro e ao 86.º no Canadá em Março, em ambos os casos tendo sido logo ofuscado pelo single “Call me”, editado quase simultaneamente pelos Blondie.

UK Subs – Stranglehold


3.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Janeiro de 1980

“Stranglehold”, do álbum de estreia dos UK Subs (“Another Kind of Blues”, 1979), que subiu ao 3.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Janeiro de 1980.

“Stranglehold” foi editado em single no Reino Unido, chegando ao 26.º lugar. Um pouco melhor conseguiria o álbum, que chegou ao 21.º lugar no top 100 britânico, em Outubro de 1979.

Quando o álbum foi reeditado em CD, nos anos 90, “Stranglehold” surgiu numa versão acelerada e mais curta.

A título de curiosidade, desde o 1.º álbum, “Another Kind of blues” (1979), até “Ziezo” (2016), os títulos dos álbuns dos UK Subs começaram com diferentes letras do abecedário, sucessivamente de A até Z.

Siouxsie & The Banshees – Placebo effect


7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Janeiro de 1980

“Placebo effect”, do álbum “Join hands”, o 2.º álbum de Siouxsie & The Banshees, editado em Setembro de 1979, e que atingiu o 13.º lugar no top 100 britânico. O álbum ocupava o 7.º lugar no top do Rock em Stock de 9 de Janeiro de 1980.

Tourists - I only want to be with you


5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Janeiro de 1980

O regresso da banda de Annie Lennox e Dave Stewart ao top do Rock em Stock, com o seu 2.º álbum, “Reality Effect”, editado no Outono de 1979, apenas 4 meses depois da edição do 1.º álbum.

O álbum incluía esta versão do velho clássico editado por Dusty Springfield em 1963, “I only want to be with you”, que os Tourists também editaram em single, para se tornar no maior êxito da banda (superando mesmo o êxito do original de Dusty Springfield). O single permaneceu quatro meses no top 75 britânico, atingindo o 4.º lugar em 5 de Janeiro de 1980.

O álbum “Reality Effect” entrou para o top de álbuns do Rock em Stock em Dezembro de 1979, subiu ao 7.º lugar no final desse mês e ao 5.º lugar em 9 de Janeiro de 1980.

“I only want to be with you” foi um dos temas escolhidos para integrar a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

Pink Floyd – The happiest days of our lives / Another brick in the wall, Part 2

7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980

“The Wall”, dos Pink Floyd, um duplo álbum conceptual concebido por Roger Waters, foi editado em Inglaterra em 30 de Novembro de 1979, entrou no top do Rock em Stock em Dezembro e subiu ao 7.º lugar em 5 de Janeiro de 1980. Manter-se-ia no top até Setembro de 1980, sendo o 3.º álbum com maior longevidade e um dos 10 mais votados da história do top do Rock em Stock (1979-1982).

“Another brick in the wall, Part 2” foi concebida para ser uma curta canção acústica de cerca de minuto e meio (a gravação dessa versão inicial foi editada apenas em 2012, numa reedição especial do álbum). Foi o produtor Bob Ezrin que sugeriu o ritmo “disco” (o resultado agradou aos Pink Floyd) e teve a ideia do coro infantil, que foi gravado numa escola próxima do estúdio, onde 23 crianças cantaram os versos da canção. Quando ouviram a gravação do coro, os Pink Floyd convenceram-se a editar a canção em single, o primeiro single editado pela banda no Reino Unido desde os anos 60.

O single foi editado poucos dias antes do álbum e foi um estrondoso sucesso por todo o lado. Em 5 de Janeiro de 1980, era ainda o 1.º lugar no top 75 britânico e em Fevereiro e Março de 1980 chegaria aos primeiros lugares em muitos outros países: EUA, Alemanha, Canadá, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, etc. Mesmo tendo sido editado só no final do ano, ficou na lista dos 15 singles mais vendidos no Reino Unido em 1979, o que não é de estranhar: logo nos primeiros 5 dias após a sua edição vendeu mais de 300 mil exemplares e em Janeiro já tinha atingido mais de um milhão de discos vendidos (o single viria a ser também um dos mais vendidos em 1980).   

A versão do álbum, que surge no seguimento de “The happiest days of our lives” (as duas canções eram frequentemente tocadas juntas nas rádios), tem cerca de 4 minutos, enquanto a do single pouco ultrapassa os 3 minutos, já que cortava parte do memorável solo de guitarra de David Gilmour (uma versão alargada da versão single, também com cerca de 4 minutos, seria editada dois anos depois, na colectânea “A Collection of Great Dance Songs”, editada pelos Pink Floyd em 1981, já com inclusão da totalidade do solo de guitarra).

“The happiest days of our lives” abre com o ruído de um helicóptero de guerra que anuncia a chegada do “professor-militar” / “professor-helicóptero” («You! Yes, you! Stand still, laddy»), o professor autoritário, humilhador e castrador da individualidade e que, na imaginação de Pink - a personagem central do disco -, em casa leva pancada da mulher, desforrando-se depois nos alunos.  

O tijolo adicional no muro, na parte 2 de “Another brick in the wall”, foi frequentemente objecto de interpretações equívocas, atribuindo-se à canção um sentido “anti-sistema educativo”, como inculcariam literalmente as palavras “we don’t need no education”, quando, na verdade, estava apenas em causa o tipo particular de sistema educativo em que Roger Waters tinha sido educado. Roger Waters diria várias vezes, ao longo dos anos, que ninguém era mais “pró-educação” do que ele. A autonomização da canção em single, desligada do resto do disco e, em especial, da canção que a antecede (“The happiest days of our lives”), facilitou os equívocos. A principal razão pela qual os Pink Floyd não gostavam de editar singles de canções inseridas em álbuns conceptuais era precisamente essa: a descontextualização.

Em qualquer caso, a canção tornou-se rapidamente um hino estudantil de protesto e, goste-se ou não dela, a sua importância foi inegável.

We don’t need no” é uma dupla negativa que, na prática, é uma construção gramaticalmente incorrecta - e uma expressão que ninguém usava. O que torna credível a tese de Tom Robinson de que a frase “we don’t need no education” foi inspirada na frase “we don’t need no aggravation”, várias vezes repetida no final da canção “Bully for you”, editada em 1979 pela Tom Robinson Band (canção já assinalada neste blogue, aqui).

Ramones - Sheena is a punk rocker (live)


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980

“Sheena is a punk rocker”, um dos primeiros hits punk, que associa a heroína da banda desenhada “Sheena” (A Rainha da Selva) ao Punk Rock. 

O álbum “It’s Alive”, dos Ramones (1979), era o 1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980.

Boomtown Rats - Someone's looking at you


4.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980

“Someone’s looking at you”, a canção de abertura do álbum “The fine art of surfacing”, dos Boomtown Rats, que era o 4.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980.

A canção foi editada em single em Janeiro de 1980 e chegou ao 4.º lugar no top 75 britânico.

Meat Loaf – Paradise by the dashboard light


20.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 5 de Janeiro de 1980

Quando, em 22 de Agosto de 1979, o álbum “Bat Out Of Hell” desceu ao 18.º lugar do top do Rock em Stock, Luís Filipe Barros vaticinou que o disco – que já então era o último sobrevivente da primeira edição do top de álbuns (19.º lugar no 1.º top, em 28 de Abril de 1979) - parecia «condenado definitivamente a desaparecer do top». A verdade é que depois disso ainda se manteve mais de quatro meses e era ainda o 20.º lugar no top de 5 de Janeiro de 1980, data que marcaria, finalmente, a despedida do top, após mais de oito meses de permanência. Longevidade que esteve longe de ser exclusiva do Rock em Stock - em 5 de Janeiro de 1980, o álbum ainda andava, por exemplo, pelo top britânico, e por lá continuaria mais alguns anos (atingiria a sua melhor posição já em 1981).

Integralmente escrito por Jim Steinman, o álbum “Bat out of hell”, que se tornaria um dos 10 discos mais vendidos de todos os tempos, tinha tudo para ser um falhanço. Irrotulável, desenquadrado e fora das convenções, foi alvo de cepticismo mesmo entre os músicos que nele tocaram. O baixista (um dos membros dos Utopia que tocaram no disco) haveria, mais tarde, de confessar que durante as gravações pensou que aquele disco era a maior anedota em que alguma vez tinha participado e que era incrível como uma editora tinha aceitado editar aquilo (e, na verdade, já tinha havido muitas recusas).

Contrariando a convenção de que uma canção, para passar na rádio, não deve ter mais de 3 a 4 minutos, Meat Loaf vingou com um álbum em que duas das três canções mais bem-sucedidas e mais passadas na rádio – “Bat out of hell” e “Paradise by the dashboard light” – tinham, respectivamente, mais de 9 minutos e mais de 8 minutos de duração.

“Paradise by the dashboard light” é um dueto de Meat Loaf com a cantora norte-americana Ellen Foley, que se destaca na extraordinária segunda parte da canção (“Let me sleep on it”, a partir do minuto 4:27). Ellen Foley, que participa em quase todas as canções de “Bat out of hell”, terá, por estes anos, outras intervenções de assinalar como vocalista, com realce no Rock em Stock, designadamente para Ian Hunter (1980) e para os Clash (1980), para além de editar um álbum que os Clash, em pleno auge da carreira, escreveram para si (e no qual os Clash foram banda de suporte).
  
“Bat out of hell” foi um dos 20 álbuns mais votados da história do top do Rock em Stock (1979-1982), embora sem nunca ter sido n.º 1 (a melhor posição foi o 2.º lugar, em Junho de 1979).

Talking Heads - Paper


14.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980

“Paper”, do álbum “Fear of music”, dos Talking Heads, 14.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980 (já tinha andado pelo 1.º lugar).

Ramones - Blitzkrieg Bop (live)


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980

Hey ho, let's go!". O mítico duplo álbum “It’s alive”, dos Ramones, que foi o disco ao vivo de uma geração, teve um percurso atípico no top de álbuns do Rock em Stock. Entrou pela primeira vez no top em 11 de Agosto de 1979 (fugaz aparição no 19.º lugar), reentrou em 15 de Setembro (no 17.º lugar) e só chegaria ao 1.º lugar em 2 de Janeiro de 1980.

Editado em 1979, “It’s alive” é o registo do concerto da véspera de ano novo que os Ramones deram no Rainbow Theatre de Londres em 31 de Dezembro de 1977. Habituados a concertos nos EUA que nunca tinham audiências de mais do que 200 pessoas (com sorte), os Ramones, que estavam em plena forma, tocavam em Inglaterra para milhares de pessoas, num ritmo impressionante, num concerto que não durou mais do que cinquenta e tal minutos, mas em que foram tocados 28 temas.

Skids – Integral plot


6.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980

“Integral plot”, do álbum “Scared to dance”, dos Skids, 6.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980.

B-52’s - Hero Worship


17.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 2 de Janeiro de 1980

“Hero worship”, do álbum de estreia dos B-52’s, que era o 17.º lugar no primeiro top de álbuns do Rock em Stock de 1980, que foi para o ar a 2 de Janeiro.

Wire - Map Ref. 41°N 93°W



“Map”, do álbum “154”, o terceiro dos ingleses Wire (1979), o último antes da (primeira) separação da banda. O nome do álbum remete para o número de concertos que a banda tinha dado até à gravação do álbum.

Nenhum álbum dos Wire esteve mais do que uma única semana no top 100 britânico. “154” não escapou à regra, mas foi o álbum da banda que conseguiu a melhor posição - o 39.º lugar, em Outubro de 1979.

1980: Rolls Rock e Rock em Stock

Rolls Rock  - ano I.jpg


Quase um ano depois do início da Rádio Comercial (Março de 1979), António Sérgio, que vinha fazendo, na rádio da Igreja Católica, à noite, o programa Rotação, mudou-se para a Comercial, aí iniciando, também em horário nocturno, o mítico Rolls Rock (uma hora por dia), que António Sérgio haveria de descrever, um ano mais tarde, como um «prolongamento activo e “pacificador”» do «efeito desvastante» do Rock em Stock. Tal como tinha sucedido com o Rotação, o Rolls Rock, em 1980, distinguia-se do Rock em Stock muito mais pelo estilo de apresentação de António Sérgio, radicalmente diferente do de Luís Filipe Barros, do que pela música (com pendor crescentemente mais alternativo no Rolls Rock). No final de 1980, o Rolls Rock avaliará os melhores do ano numa trintena de categorias e os nomes então escolhidos por António Sérgio são os que se ouviam também no Rock em Stock e que se tinham destacado em 1980 no top do Rock em Stock.

 

O Rolls Rock manter-se-ia no ar até 1982, acabando ao mesmo tempo que o Rock em Stock.

 

1980 será um ano de ouro no Rock em Stock. O programa que tinha surgido em Abril de 1979 era já o mais ouvido do FM português. O top do Rock em Stock tornou-se uma instituição nacional e passará mesmo a ser transmitido também na Onda Média. A partir da Primavera de 1980, sucedem-se os tops de vendas em que quase todos os 10 álbuns mais vendidos em Portugal são discos que tinham sido divulgados no Rock em Stock. O próprio álbum comemorativo do 1.º aniversário do Rock em Stock – que não era propriamente composto de canções comerciais – só por um triz não liderará o top de vendas nacional. Ainda na Primavera, começam a aparecer os autocolantes colocados nos discos pelas editoras, indicando que o disco tinha sido 1.º lugar no top do Rock em Stock.

 

Muitas discotecas abandonam progressivamente a praga do “disco sound” e acolhem a New Wave e a música passada no Rock em Stock. O próprio Luís Filipe Barros (que passa a ser conhecido como “Berros” devido ao estilo de apresentação do programa) é crescentemente convidado para DJ em discotecas, em autênticas sessões ao vivo do Rock em Stock, que tinham lotação esgotada com dias de antecedência.

 

1980 é o primeiro grande ano de concertos em Portugal - e muito graças à popularidade e ao sucesso do Rock em Stock e do seu top, que começou a chamar a atenção dos agentes estrangeiros. Em 1980, actuarão em Portugal nomes como Ramones, Police, Cheap Trick, Tubes, Joe Jackson, Lene Lovich, Lou Reed, Fischer-z, Skids, Tourists, 999, Dirty Looks, Original Mirrors ou Peter Gabriel (que haveria de ser considerado o melhor concerto do ano). Portugal está finalmente na rota internacional dos concertos.

 

O ano de 1980 começa com o punk a liderar o top de álbuns do Rock em Stock. O furacão Two Tone (a fusão do Ska com a New Wave / Punk) e outros movimentos de base revivalista e a crescente popularidade do Reggae levarão, num abrir e fechar de olhos, ao aparecimento de um novo top no Rock em Stock, o top de ska & reggae. Surgem ou consolidam-se novos subgéneros da New Wave / Post-Punk e, ao longo do ano, aparecerão, no top do Rock em Stock, os primeiros discos cantados em português (dois no top de álbuns, dois no top de singles), antes da invasão lusa de 1981, ano em que surgirá a Lei 12/1981, que impôs, em cada canal de rádio, uma quota mínima de música cantada em português.