Martha & The Muffins – Echo beach

1.º lugar no top de singles do Rock em Stock de 21 e 28 de Junho de 1980
17.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980

O lugar de escape imaginário a que foi dado o nome “Echo beach” (nas palavras do guitarrista e compositor Mark Gane, o lugar para onde queremos escapar quando estamos num sítio onde não queríamos estar) é o tema de um dos “hits” dos anos da New Wave e que ainda hoje permanece como a canção New Wave canadiana que foi mais bem-sucedida internacionalmente.

Apesar de não ter refrão.

Os acordes de guitarra da abertura, que são meia canção (guitarrista Mark Gane), a sua variação em flauta nos versos (pelo saxofonista da banda, Andy Haas), a voz de Martha Johnson e – naquela que foi a principal melhoria face à versão inicial que era tocada ao vivo em 1978 – o solo de saxofone que nos conduz ao clímax final (“Echo beach / Far away in time” repetido sem fim), são geralmente apontados como os pontos principais que fizeram de “Echo beach” uma canção memorável.

No Canadá, onde foi premiado como single do ano, teve um percurso no top de vendas impressionante para um single: 8 meses de permanência no top 100 (do início de Maio ao final de Dezembro). Nunca chegou a n.º 1, ficando-se pelo 5.º lugar em Agosto de 1980.  

De resto, “Echo beach”, embora tenha sido um “hit” internacional, nunca foi n.º 1 - a não ser em Portugal, no top do Rock em Stock. O single entrou no top do Rock em Stock no mesmo dia em que entrou no top canadiano e chegou ao 1.º lugar em 21 e 28 de Junho de 1980, tendo, além disso, sido um dos singles mais votados da história do top do Rock em Stock.


Excerto da emissão do Rock em Stock de 21/6/1980: “Echo beach” - n.º 1 no top de singles (duração: 3min)

Como reflexo, o single teve, no “top de vendas” português, um percurso tão ou mais impressionante do que no Canadá: entrou nos 10 primeiros no início de Junho, chegou ao 3.º lugar no final de Agosto e manteve-se no top até (pelo menos) ao final do ano.

“Echo beach” foi uma das canções que integrou a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

Uma versão bem diferente da canção foi gravada pelos Martha & The Muffins em 2010.

De outras bandas e músicos, há versões de “Echo beach” para quase todos os gostos, do estilo muito anos 80 da versão de 1987 de Toyah à versão Metal de 2017 dos Metal Fatigue, passando pela versão Punk/New Wave de 2015 dos australianos Ausmuteants, pela versão Ska de 2002 dos Hotknives, pela versão Reggae/Dub de 2010 dos suíços Dub Spencer & Trance Hill, pela versão Rockabilly de 2013 dos Rocker Covers, pelas versões mais próximas do original de 2008 da australiana Gabriella Cilmi e de 2020 dos ingleses Traxion e pela criativa versão de 2005 de Tim Van Der Kill (que conferiu à canção uma estrutura clássica, com refrão, à semelhança do que tinha feito Robert Forster em 1994), entre outras.

Clash – Hateful


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980

“Hateful”, canção escrita possivelmente na sequência da morte de Sid Vicious, vítima de uma overdose de heroína.

O álbum “London Calling” era o 1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980.

Pink Floyd – Is there anybody out there? / Nobody home / Vera / Bring the boys back home

5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980

Da introspecção de “Is there anybody out there?” até à canção “Bring the boys back home”, a canção que Roger Waters, em entrevista de 1979 sobre o duplo álbum “The Wall”, definiu como a peça central de todo o álbum, nas suas palavras, a canção que é simultaneamente sobre não deixar as pessoas irem ser mortas para guerras e sobre não deixar que o Rock, ou fazer carros, ou vender sabões, ou envolver-se em pesquisas biológicas, ou qualquer outra coisa que alguém possa fazer, se torne mais importante do que as pessoas – amigos, namorados, filhos…

Na canção precedente, “Vera” - «Does anybody here remember Vera Lynn? / Remember how she said that / We would meet again / Some sunny day? / Vera! Vera! / What has become of you? / Does anybody else in here /Feel the way I do?» -, recorda-se o optimismo que, em 1942, cantava Vera Lynn, a menina querida dos soldados aliados na II Grande Guerra: «We’ll meet again / Don’tknow where / Don’t know when / But I know we’ll meet again some sunny day. /Keep smilin’ through / Just like you always do / ‘Till the blue skies drive thedark clouds far away. / So will you please say hello / To the folks that I know/ Tell them I won’t be long. / They’ll be happy to know / That as you saw me go/ I was singing this song. / We’ll meet again / Don’t know where / Don’t knowwhen / But I know we’ll meet again some sunny day» (o filme “The Wall”, estreado em 1982, abre com Vera Lynn a cantar). Vera Lynn morreu em Junho de 2020, com 103 anos.

O álbum “The Wall” era o 5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980.

Genesis – Behind the lines / Duchess / Guide vocal

6.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980

A secção inicial do álbum “Duke”, dos Genesis, o álbum que foi n.º 1 no top do Rock em Stock entre 10 de Maio e 14 de Junho de 1980 e era o 6.º lugar no top de 28 de Junho. Na mesma data, era 16.º no top britânico, onde se manteve 7 meses, até ao final de Outubro.

Quando o álbum entrou no top britânico (Abril de 1980), já andava há um mês no top do Rock em Stock (desde 8 de Março).

Na comunicação social da altura, foi referido que o álbum foi estreia mundial precisamente no Rock em Stock.

“Duchess” foi também editada em single, em versão mais curta.

Tops de 28 de Junho de 1980 (singles + álbuns)


Top de singles do Rock em Stock de 28/6/1980 (reconstituição) (duração: 27min)

Do 10.º para o 1.º lugar, os 10 singles do top do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980.


Top de álbuns do Rock em Stock de 28/6/1980 (reconstituição) (duração: 47min)

Do 20.º para o 1.º lugar, os 20 álbuns do top do Rock em Stock de 28 de Junho de 1980.

999 - Inside out

5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

“Inside out”, do álbum “The biggest prize in sport”, dos 999, 5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980.

Martha & The Muffins - Terminal twilight


19.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

“Terminal Twilight”, do álbum de estreia dos canadianos Martha & The Muffins, nome escolhido provisoriamente (mas que acabou por ficar definitivo) para um banda que era formada, não por uma, mas por duas Marthas, Martha Johnson (vocalista principal e teclista) e Martha Ladly (vocalista, teclista e trombonista), a que se juntavam outros quatro membros, os irmãos Mark e Tim Gane (sintetizadores e guitarra o primeiro, bateria o segundo), o baixista Carl Finkle e o saxofonista Andy Haas.

O álbum “Metro Music” era o 19.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980.

Gang of Four – Damaged goods

Gang of Four: 8.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980
“O Rock em Stock”: 6.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

Editada em single, numa primeira versão, por uma editora independente (Fast Product), um ano antes do álbum de estreia dos Gang of Four, a canção “Damaged goods” foi bastante bem recebida no circuito independente. Mas os Gang of Four não receberam um cêntimo pelos discos vendidos. Decidiram, por isso, regravar a canção para o álbum de estreia, “Entertainment!”, já depois de assinarem por uma grande editora (a EMI). Foi a forma de serem pagos pelos seus discos, recorda Jon King, o vocalista da banda: «perguntam-nos muitas vezes ‘porque é que assinaram por uma grande editora se são uma banda tão alternativa?’. Resposta: pelo menos a EMI pagava-nos pelos discos que vendia».

Foi, assim, graças à intrujice da editora independente “Fast Product” que tivemos direito a uma segunda versão de “Damaged goods”, a do álbum “Entertainment!” (haveria ainda uma terceira em 2005). Embora haja quem jure preferir a versão original.

Na nova versão, foi a canção escolhida para abrir a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock.

“Damaged goods” fazia assim parte de dois álbuns que estavam entre os 10 primeiros no top do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980: o álbum “O Rock em Stock”, que era o 6.º lugar; e o álbum “Entertainment!”, que era o 8.º lugar.

Selecter – On my radio

2.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 25 de Junho de 1980

“On my radio”, dos Selecter, 2.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 25 de Junho de 1980.

Pink Floyd – Run like hell

3.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

“The Wall”, dos Pink Floyd, , editado em Inglaterra em 30 de Novembro de 1979, entrou no top do Rock em Stock em 22 de Dezembro de 1979 e veio a atingir a sua melhor posição precisamente ao fim de 6 meses, quando subiu ao 3.º lugar no top de 21 de Junho de 1980. Sem nunca ter chegado a n.º 1, foi, na história do top do Rock em Stock (1979-1982), o 3.º álbum com mais tempo de permanência no top e um dos 10 mais votados de sempre.

Em Junho de 1980, “The Wall” liderava o “top de vendas” em Portugal.

Top de vendas português em Junho de 1980, dominado por álbuns divulgados pelo Rock em Stock, com “The Wall” à cabeça.

Em 21 de Junho de 1980, e a título de exemplo, o álbum “The Wall” estava ainda em 6.º lugar no top norte-americano (meio ano entre os 10 primeiros, 3 meses n.º 1), em 5.º lugar na Alemanha (dez meses entre os 10 primeiros, 4 meses n.º 1) e em 4.º lugar na Nova Zelândia (meio ano entre os 10 primeiros, quase 3 meses n.º 1).

“Run like hell” conheceu também edição em single, em Abril de 1980 (o segundo retirado do álbum) e uma versão promocional um pouco mais longa do que a do álbum foi também editada. Qualquer das edições é, no entanto, mais curta do que a versão planeada da canção, que, por motivos relacionados com a limitação de capacidade dos álbuns de vinil, teve de ser encurtada para caber no álbum.

As palavras “run like hell” não aparecem na canção (só no título), mas isso só aconteceu na versão definitiva. Na letra da canção impressa no disco, ainda surgem, no final de cada verso, as palavras “you better run like hell!”, que acabaram por ser encurtadas para “you better run!”.

Tal como sucedeu com “Another brick in the wall, part 2”, foi o produtor Bob Ezrin que sugeriu aos Pink Floyd que a canção ficasse com um ritmo disco.

Quase imperceptíveis são as palavras gritadas pela audiência no princípio e no fim da canção. No princípio, grita-se “Pink Floyd”. No final da canção, já na transição para o tema seguinte, no canal esquerdo grita-se “Pink Floyd” e no direito a palavra - que se vai impondo - “hammer”, um grito de extrema direita, que, por isso, foi propositadamente inserido no canal direito, segundo revelaria Roger Waters.

Dexys Midnight Runners – Geno


1.º lugar no top do Rock em Stock de 25 de Junho de 1980

“Geno”, dos Dexys Midnight Runners, 1.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 25 de Junho de 1980.

Feelies – Original love


12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

“Original love”, do álbum “Crazy Rhythms”, dos Feelies, 12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980.

Devo – Gates of steel

7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

O terceiro álbum dos Devo, “Freedom of choice”, editado nos EUA e em Inglaterra no final de Maio de 1980, entrou no top do Rock em Stock logo em 21 de Junho, na mesma semana em que entrou no top norte-americano (onde se ia manter 1 ano). Foi uma das entradas mais altas na história do top de álbuns do Rock em Stock (7.º lugar).

“Gates of steel” foi mais uma das canções icónicas do Rock em Stock e foi uma das que integrou a colectânea comemorativa do 20.º aniversário do Rock em Stock, editada em 1999.

É também uma das canções dos Devo que maior quantidade de versões por parte de outros músicos e bandas originou: dezenas, incluindo as versões muito recentes dos Breeders (2017) e dos Men (2018).

Clash – Spanish bombs

1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980

“Spanish bombs”, uma das músicas emblemáticas do Rock em Stock, foi inspirada numa reportagem radiofónica sobre ataques bombistas da ETA (organização separatista basca) em estâncias turísticas, nomeadamente na Costa Brava (Catalunha), muito frequentada por britânicos, e na Costa do Sol, na Andaluzia («Spanish bombs shatter the hotels»). Eram geralmente os aviões DC 10 que levavam os turistas britânicos a Espanha («I'm flying in a DC 10 tonight»).

Embora pareça evocar, lateralmente, o paralelismo com os ataques terroristas do IRA («The Irish tomb was drenched in blood»), a canção explora sobretudo o paralelismo com a guerra civil espanhola de 1936-39, da qual se encontram muitas referências, umas mais directas («The shooting sites in the days of '39», «Bullet holes in the cemetery walls», «The black cars of the Guardia Civil» ou «Or can I hear the echo from the days of '39?»), outras mais indirectas, como a evocação do poeta Federico García Lorca, que, do lado dos republicanos, foi morto no início da guerra civil («Federico Lorca is dead and gone» e «Oh, please, leave the ventana open» - uma referência a um poema de Lorca: «If I die, leave the balcony open»).

A letra é de Joe Strummer, que tinha algum fascínio por Espanha. Strummer tinha partilhado durante uns tempos um cubículo em Londres com uma espanhola, teve depois um relacionamento com a irmã desta (Paloma Romero, baterista dos Slits, mais conhecida como Palmolive) e apaixonou-se pela cidade de Granada – citada em “Spanish bombs” –, onde estudava o irmão daquelas duas espanholas (e a cidade de Granada tem, desde 2013, uma praceta com o nome Joe Strummer). Foi aí que foi introduzido à cultura da Andaluzia – citada logo a abrir a canção – e ao poeta mais famoso de Granada, Federico García Lorca.

O refrão inclui algumas palavras em “espanhol clashiano” (“Clash Spannish”, com duplo “n”), como lhe chamaria Joe Strummer muitos anos depois - «Spanish bombs / Yo te quierro y finito / Yo te querda, oh mi corazón» -, que, em “espanhol clashiano”, significavam, basicamente, «I love you and goodbye», como explica Joe Strummer no libreto da edição do 25.º aniversário do álbum “London Calling”, «[it] means 'I love you and goodbye! I want you but - oh my aching heart!' induced by those grapes of wrath».

“Spanish bombs” é mais uma canção do álbum com a participação de Mickey Gallagher (dos Blockheads) nas teclas.

O álbum “London calling” era o 1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 21 de Junho de 1980.


Excerto da emissão do Rock em Stock de 21/6/1980: “Spanish bombs” - álbum “London Calling” - n.º 1 no top de álbuns (duração: 3min)

Lou Reed em Portugal (22 de Junho de 1980)

“Banging On My Drum”, do álbum “Rock ‘n’ Roll Heart”, que foi n.º 1 no top de álbuns do Rock em Stock em 26 e 30 de Maio de 1979

Lou Reed actuou pela primeira vez em Portugal em 1980, com concertos agendados para 22 de Junho em Cascais e 24 de Junho no Porto. Vinha de um atribulado concerto em Madrid, dia 20, em que Lou Reed e os seus músicos chegaram ao palco com uma hora de atraso, a assistência ficou furiosa, e, quando um espectador lhes atirou uma garrafa de cerveja, Lou Reed abandonou o palco, a assistência mais furiosa ficou, choveram mais objectos e foi destruído equipamento dos músicos. Lou Reed só tinha tocado três canções e não houve mais concerto.

Em Cascais, dia 22 de Junho, Lou Reed repetiu a brincadeira e chegou com uma hora de atraso. Desta vez não levou com garrafas e o público foi presenteado com um memorável concerto de 3 horas de duração, se calhar para compensar o concerto que não tinha havido em Madrid e… o concerto que não haveria no Porto. Consta que, na véspera do concerto, Lou Reed, depois de chegar ao Porto, foi para a noite de S. João e no dia seguinte a ressaca terá sido tão grande que cancelou o concerto, que estava esgotado.

Lou Reed tinha chegado a n.º 1 do top de álbuns do Rock em Stock um ano antes, em Maio de 1979, com o álbum “Rock ‘n’ Roll Heart”.

Tops de 21 de Junho de 1980 (singles + álbuns)


Tops do Rock em Stock (singles e álbuns) de 21/6/1980 (gravação da emissão de 21/6/1980) (duração: 53min)

O primeiro top do Verão de 1980, de sábado, 21 de Junho de 1980.

Até ao alargamento do top de singles, em 1981, o desfile dos dois tops (singles e álbuns) acontecia um a seguir ao outro, sem paragens. Foi sempre ponto de honra do Rock em Stock os tops serem apresentados sem qualquer interrupção para publicidade, o que é de assinalar, uma vez que se tratava da Rádio Comercial - uma estação com publicidade - e do programa de maior audiência do FM em Portugal. Em cinquenta e poucos minutos, desfilavam 30 canções (10 singles e 20 álbuns), o que dava pouco tempo por canção. Isso, em contrapartida, conferia um ritmo muito elevado à apresentação dos tops, que combinava bem com o estilo de apresentação de Luís Filipe Barros.

O testemunho:

«Esta gravação é uma sobrevivente de guerra! É um milagre ainda existir. Encontrei-a quando mudei de casa. Já nem sabia que a tinha. Nem sei bem porque é que guardei esta em especial. O Luís Filipe de Barros não estava nos seus melhores dias! Mas depois de a encontrar, pus a velha cassete a tocar e agradeci a todos os deuses nunca a ter deitado fora. Ouvi toda de seguida. Fechei os olhos e imaginei-me no Verão de 80 a ouvir o top do Rock em Stock…

Quando a encontrei já não a ouvia há muitos anos. Mas reconheci-a. Porque a tinha ouvido N vezes. Comecei a lembrar a história atribulada da cassete. Tanto abanão levou ela quando a ouvia nos headphones! Viajava comigo para férias, em condições manhosas. Apanhou carradas de sol e de calor. Caiu não sei quantas vezes ao chão. Estava dentro do carro da minha tia quando esta o estampou e o carro capotou. A fita partiu-se algumas vezes. Quando se partia, abria a cassete e colava os dois pedaços com fita-cola. Às vezes a fita enrolava-se tanto no leitor de cassetes que houve pedaços que se perderam para sempre. Por isso a gravação tem alguns cortes pequenos. Quando digitalizei, já lá vão uns bons aninhos, consegui preencher um ou outro buraco, mas quando o buraco calhava no Luís Filipe de Barros a falar não havia nada a fazer. Também preenchi a mudança de lado da cassete, em que se perde sempre um bocado de programa.

A gravação não apanha o princípio do top de singles, falta os primeiros segundos. Preenchi com o princípio do kitchen at parties para não começar tão abruptamente, mas não ficou bem, porque onde a gravação começa está o Luís Filipe de Barros a falar.

A gravação também não apanha o fim da última música. Completei-a com o final da música.

Mesmo assim, não está nada mal!

Pena que o Luís Filipe de Barros aqui não estava nos seus melhores dias. Se calhar estava de ressaca. Não fez juz à alcunha “Berros”. Estava mais comedido. E pouco inspirado. A bem dizer, nós perdoávamos tudo. Aquilo impressionava, não pelo que era dito, mas pelo ritmo de locução além claro pela música, que a maior parte dos discos não estavam editados em Portugal. O homem podia, com a pressa, meter palavras desadequadas, redundâncias, trocar o número de semanas que um disco estava no top, não misturar tão bem a passagem das músicas como sabia fazer tão bem, mas nós ouvíamos o programa fascinados e não perdíamos um top! O Luís Filipe de Barros era o maior!

Aqui está uma gravação com 40 anos. Enjoy it!!!»


Nota: ajustámos o início e o final da gravação. Fica para outra altura tentar restaurar toda a gravação. Tem muitos cortes minúsculos, quase imperceptíveis, o que dificulta muito a tarefa. E a velocidade de gravação não é constante, o que limita muito as possibilidades de intervenção.

Ramones – Rock ‘n’ roll highschool


2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980



Era prática corrente os Ramones reciclarem as suas próprias canções. “Rock’n’roll highschool” tem evidentes similitudes com “Sheena is a punk rocker” e com “Touring”.

Feita para o filme “Rock’n’roll high school”, foi, numa nova versão, reeditada em 1980, no álbum “End of the century”.

O álbum “End of the century” era o 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

Martha & The Muffins - Revenge (Against the world)


18.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

“Revenge (Against the world)”, do álbum de estreia de Martha & The Muffins, “Metro Music”, que era o 18.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

Tom Petty – What are you doin' in my life


13.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

“What are you doin' in my life”, do álbum “Damn the torpedoes”, que era o 13.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980, quando completava já 5 meses de top. Já tinha estado no 1.º lugar, em Fevereiro. Foi um dos álbuns mais votados da história dos tops do Rock em Stock (1979-1982).

Bob Seger & The Silver Bullet Band – Betty Lou's gettin' out tonight


12.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

“Betty Lou's gettin' out tonight”, do álbum “Against the wind”, de Bob Seger & The Silver Bullet Band (1980), o único álbum de Bob Seger que chegou a n.º 1 (o que aconteceu nos EUA). O álbum passou pelo top do Rock em Stock em Maio e Junho de 1980; era o 12.º lugar no top de álbuns de 14 de Junho de 1980.


Dexys Midnight Runners – Breaking down the walls of heartache



Depois de no 1.º single terem impingido aos Dexys alterar o nome da canção de “Burn it down” para um mais simpático “Dance stance”, mudança de que os Dexys se arrependeram rapidamente (e no álbum a canção voltaria a ter o nome original), com o 2.º single tentaram convencê-los a que o lado A fosse a versão dos Dexys da canção de 1968 “Breaking down the walls of heartache”, de Johnny Johnson and the Bandwagon e não “Geno”. Desta vez os Dexys não foram em cantigas. E a canção “Breaking down the walls of heartache”, relegada para lado B do single, acabou por ser ofuscada pelo sucesso de “Geno”.

O single “Geno”, que dominou de forma absoluta os primeiros meses do top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock, era o 1.º lugar no top de 18 de Junho de 1980.

Top de 18 de Junho de 1980 (BSR)

Top de bandas de ska e reggae de 18/6/1980 (reconstituição) (duração: 25min)

Do 10.º para o 1.º lugar, o top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 18 de Junho de 1980.

Dexys Midnight Runners - Dance stance

“O Rock em Stock”: 8.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

Oscar Wilde, Brendan Behan, Sean O'Casey, George Bernard Shaw, Samuel Beckett, Eugene O'Neill, Edna O'Brien, Lawrence Stern”. A canção cujo refrão eram nomes de escritores e dramaturgos irlandeses pretendia combater o preconceito que os ingleses tinham contra os irlandeses, que eram vistos como “broncos”. Como diria mais tarde Kevin Rowland, «se os irlandeses são ‘broncos’, como é que produziram todos esses grandes escritores?”.

A canção, a que os (ingleses) Dexys chamaram “Burn it down”, mas que o agente da banda, Bernard Rhodes, lhes impingiu que tivesse o nome mais simpático e comerciável de “Dance stance” (o nome “Burn it down” seria depois recuperado no primeiro álbum dos Dexys), foi o single de estreia da banda, e, em Fevereiro de 1980, chegou ao 40.º lugar no top britânico, no qual se manteve mais de um mês.

O single não foi editado em Portugal, mas a canção integrou a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock.

O álbum “O Rock em Stock” era o 8.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

Original Mirrors – Boys cry


9.º lugar no top de singles do Rock em Stock de 14 de junho de 1980

“Boys crys”, o segundo single dos ingleses Original Mirrors, editado ainda antes do primeiro álbum desta banda de curta vida (1979-1981). O single era o 9.º lugar no top de singles do Rock em Stock de 14 de junho de 1980.

Lene Lovich – Joan


5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

“Joan”, do álbum “Flex”, de Lene Lovich, que ocupava o 5.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980, ao fim de 4 meses no top.

Genesis – Turn it on again


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 10, 17, 24 e 30 de Maio e 7 e 14 de Junho de 1980

A alienação perante os ecrãs, que era, em 1980, uma brincadeira, comparado com o que temos hoje. “Turn it on again”, que acabou por se autonomizar como canção, era, inicialmente, só parte – e mais curta – de um tema com cerca de 30 minutos de duração, previsto para ser um dos lados do álbum “Duke”, mas que acabou por ser retalhado, porque a banda receava comparações com o irrepetível “Supper’s ready” (tema de 23min de duração, do 4.º álbum dos Genesis).

“Duke” foi um álbum de transição dos Genesis para a pop, após o sucesso de “Follow you, follow me”, do álbum anterior (a canção que pela primeira vez tinha levado as mulheres aos concertos da banda, até aí com uma assistência vincadamente masculina). “Turn it on again”, no entanto, tendo uma aparência de canção simples, era musicalmente complexa, como aliás era timbre dos Genesis.

O single “Turn it on again” chegou a 8.º lugar no top britânico (Abril de 1980) e não fez melhor em nenhum outro país. Quanto ao álbum “Duke”, foi o primeiro n.º 1 da banda, o que aconteceu no Reino Unido, em Abril de 1980, quando o álbum entrou directamente para o 1.º lugar do top (top onde se manteve 7 meses).

Quando o álbum entrou no top britânico, já andava há um mês no top do Rock em Stock (desde 8 de Março), onde chegou ao 1.º lugar em 10 de Maio, para se manter 6 semanas consecutivas no n.º 1 (um recorde que só os Clash iriam igualar).

Buggles – Clean, clean

1.º lugar no top de singles do Rock em Stock de 7 e 14 de Junho de 1980
4.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980

Antes de seguirem projectos separados – Bruce Woolley formando Bruce Woolley & The Camera Club, Trevor Horn e Geoff Downes ficando como The Buggles – estes músicos eram um trio. Foi dessa fase que saíram canções como “Video killed the radio star” ou este bem-humorado “Clean, clean”.

Tal como no caso de “Video killed the radio star”, Bruce Woolley gravou e editou primeiro a sua versão de “Clean, Clean”, no final de 1979, que saiu em single e no álbum “English garden”, sendo mais curta a do single.

A versão de "Clean, Clean" de Bruce Woolley & The Camera Club (versão do álbum).

A versão dos Buggles foi editada em 1980, no álbum “The age of plastic” e em single (também uma versão de mais de 5 minutos seria editada num disco promocional nos EUA) e, tal como tinha sucedido com “Video killed the radio star”, foi mais bem-sucedida, ainda que, no top britânico, não tenha ultrapassado o 38.º lugar (em Abril de 1980).

O álbum “The age of plastic” atingiu a sua melhor posição no top de álbuns do Rock em Stock em 14 de Junho de 1980: era o 4.º lugar.

Quanto ao single, terceiro single dos Buggles, terceiro single da banda nos lugares cimeiros do top do Rock em Stock. O primeiro, “Video killed the radio star”, tinha chegado ao 1.º lugar (Dezembro de 1979); o segundo, “The plastic age”, chegou ao 2.º lugar (Março e Abril de 1980); o terceiro, “Clean, clean”, foi 1.º lugar, nos tops de 7 e 14 de Junho de 1980.

No "top de vendas" português, acontecia tudo com mais atraso, já que as edições, quando aconteciam, chegavam muitas vezes com atraso. Em Junho de 1980, era o single “The plastic age” que surgia nos dez primeiros do top de vendas nacional (iria atingir o 3.º lugar no final de Julho) e “Clean, Clean” chegaria ao 8.º lugar no Outono de 1980.

Por todo o lado, a capa do single “Clean, clean” foi esta:


Excepto em Portugal (terão algumas mentes ficado chocadas?):

Capa portuguesa do single “Clean, Clean” dos Buggles

Entretanto, em Junho de 1980, os Buggles, para surpresa geral, já se tinham integrado nos Yes.

Clash – Koka Kola

2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de junho de 1980


Elevator goin' up”! O álbum “London Calling”, dos Clash, 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

A provocação dos Clash, usando o logótipo da Coca-Cola, no cartaz que anunciava um concerto da banda no Agora Ballroom em Atlanta, EUA, a cidade-berço da Coca-Cola - a bebida que, no final dos anos 70, já era consumida em todo o mundo, o símbolo máximo do imperialismo global. Em Fevereiro de 1979, durante a sua primeira digressão americana, os Clash tinham visto cartazes publicitários da Coca-Cola por todo o lado.

«I get my advice from the advertising world / “Treat me nice", says the party girl / Koke adds life where there isn't any / So freeze, man, freeze // Koka Kola advertising and cocaine / Strolling down the Broadway in the rain / Neon light sign says it / I read it in the paper, they're crazy».

Tops de 14 de Junho de 1980 (singles + álbuns)


Top de singles do Rock em Stock de 14/6/1980 (reconstituição) (duração: 29min)

Do 10.º para o 1.º lugar, os 10 singles do top do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

Top de álbuns do Rock em Stock de 14/6/1980 (reconstituição) (duração: 46min)


Do 20.º para o 1.º lugar, os 20 álbuns do top do Rock em Stock de 14 de Junho de 1980.

Na próxima semana, não será preciso imaginar a voz de Luís Filipe Barros entre as músicas, a apresentar o top. Haverá tops do Rock em Stock a sério.

Toyah – Leya



“Leya”, do 2.º álbum de Toyah, a banda de Toyah Wilcox, editado em Junho de 1980. Entrou no top britânico em 14 de Junho e chegou ao 40.º lugar na semana seguinte.

Squeeze – Pulling mussels (From the shell)



“Pulling mussels (From the shell)”, do álbum “Argybargy”, o terceiro álbum dos Squeeze e o último antes da saída do teclista Jools Holland. O álbum chegou ao 11.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock, em Maio de 1980.

Pretenders – Space invader



“Space invader”, o instrumental do álbum de estreia dos Pretenders.

Orchestral Manoeuvres in the Dark - Bunker soldiers


“Bunker soldiers”, o tema de abertura do álbum de estreia dos Orchestral Manoeuvres in the Dark, editado em Fevereiro de 1980.

Fischer-Z - So Long



“So long”, do segundo álbum dos Fischer-Z, “Going deaf for a living”, editado em Inglaterra em Maio de 1980, foi o mais bem-sucedido single desta banda inglesa (excepto no Reino Unido, onde “The worker” tinha sido mais bem recebido; “So long” não passou do 72.º lugar, em Maio de 1980).

Confirmava-se também a tendência para a banda ser quase ignorada no seu país natal (e “Going deaf for a living” nunca entrou sequer no top britânico), enquanto tinha um razoável sucesso noutros países, como foi o caso da Holanda e, sobretudo, Portugal. Em 12 de Junho de 1980, por exemplo, o primeiro álbum da banda, “Word salad”, editado um ano antes em Inglaterra, estava em 6.º no “top de vendas” português. Em nenhum outro país o disco tinha chegado sequer perto dos 10 primeiros.

O single “So long” chegaria ao 5.º lugar do “top de vendas” português, em Janeiro de 1981. O álbum chegou pelo menos ao 8.º lugar, em Novembro de 1980.

“So long” foi uma das canções escolhidas para integrar a colectânea comemorativa dos 20 anos do Rock em Stock, editada em 1999. Apesar do que consta no libreto interno do disco (“4.º lugar” no top do Rock em Stock em “Junho de 1980”), a informação está errada: o single nunca entrou nos 10 mais do top de singles e “Going deaf for a living” esteve perto de entrar nos 20 primeiros do top de álbuns (até Novembro de 1980), mas nunca entrou. Teria, possivelmente, tido uma presença prolongada no top do Rock em Stock se fosse um top de 30 discos em vez de 20.

Skids - Pros and cons



“Pros and cons”, do álbum “Days in Europa”, dos escoceses Skids.

Specials – Rat race


“Rat race”, single editado pelos Specials no fim de Maio de 1980, mais um clássico da banda que ficou de fora dos seus álbuns. 

Do 1.º single, em 1979, até ao último antes de os Specials se separarem, em 1981, a banda editou sete singles e todos chegaram aos 10 primeiros do top britânico, feito de que não há muitas bandas que se possam gabar. “Rat race” chegou ao 5.º lugar do top britânico em 7 de Junho de 1980 e permaneceu 2 meses no top.

Um excerto da canção seria, umas semanas depois, usado no primeiro álbum dos Dexys Midnight Runners.

Ramones – Danny says

3.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

“Danny says”, do álbum “End of the century”, dos Ramones, um dos fenómenos na história dos tops do Rock em Stock. O álbum ocupava o 3.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980 e estava há mais de 3 meses consecutivos nos 3 primeiros lugares do top.

Sammy Hagar - Growing pains


“O Rock em Stock”: 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980
Sammy Hagar: 4.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

“Growing pains”, de Sammy Hagar, uma das canções que integrou a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock, que era o 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980.


Aconteceu duas ou três vezes nos três anos de top do Rock em Stock: passar-se erradamente uma música como se pertencesse a um determinado álbum. Foi o que aconteceu com “Growing pains”, canção do álbum “Street machine” (1979) e não do álbum ao vivo “Loud and clear” (editado na Europa em 1980). O álbum “Loud and clear” era o 4.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980.

Blues Band - Come on in


9.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

“Come on in”, do álbum de estreia dos britânicos The Blues Band, intitulado “Official Blues Band Bootleg Album”, editado em 1980. Face ao desinteresse e ao cepticismo das editoras, o álbum foi editado numa edição limitada de apenas três mil exemplares. Mas foi bem-sucedido e acabou por ser reeditado. Permaneceu dois meses no top britânico, chegando ao 40.º lugar em Abril de 1980.

No top do Rock em Stock, era o 9.º lugar no top de 7 de Junho de 1980.

Craze – Motions


“O Rock em Stock”: 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

Os britânicos Craze tiveram vida muito curta e um final inglório, com um álbum, intitulado “Spartans”, gravado e pronto para ser editado, em 1980 (o LP de teste chegou a ser impresso), mas que acabou por nunca sair para as lojas de discos. Da banda ficaram apenas dois singles, um dos quais este “Motions”, co-produzido por Pete Townshend (The Who) e que tinha sido editado pela editora independente inglesa Cobra.

“Motion” é um dos temas que integrou a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock, que ocupava o7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980.


Feelies – The boy with the perpetual nervousness


10.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

Naqueles anos em que a música viajou em tantas novas direcções e lançou sementes de quase tudo o que se fez a partir daí, houve uma série de discos que foram falhanços comerciais e cuja importância e impacto, na altura, quase ninguém soube antever. O álbum “Crazy Rhythms”, dos Feelies, foi um deles (o que teria sido, por exemplo, dos R.E.M. se este álbum nunca tivesse existido?). Retrospectivamente, o disco, hoje, é aplaudido e aparece em listas dos melhores de 1980 ou mesmo dos melhores de todos os anos 80, mas, se recuarmos ao final de 1980 - altura em que a banda já tinha acabado -, os Feelies foram basicamente ignorados nos balanços e listas que se fizeram desse ano, com a única excepção do jornal alternativo nova-iorquino Village Voice (1955-2017), que listou “Crazy Rhytms” no 17.º melhor álbum de 1980 (dois anos antes, o mesmo jornal tinha votado os Feelies como a melhor banda alternativa de Nova Iorque).

Honra seja feita ao top do Rock em Stock (neste como noutros casos), possivelmente o único onde “Crazy Rhythms” marcou presença. O álbum era o 10.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980.

“The boy with the perpetual nervousness” foi uma das canções escolhidas para integrar a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do programa Rolls Rock de António Sérgio, editada em Janeiro de 1981.

There's a kid I know but not too well / He doesn't have a lot to say / Well, this boy lives right next door / And he never has nothin' to say / It doesn't seem like he does anything / He never helps out in the yard / He lets his mother carry in groceries / 'Cause he doesn't plan to work too hard // Well, he's not like the boys that we used to have / Not like them at all, oh no / Those ones made their parents proud / This one beats 'em all / The boy next door is into better things / As far as I can see / The boy next door is into bigger things

The boy next door is me”.

Fischer-Z - The french let her

“O Rock em Stock”: 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980

“The french let her”, a canção do álbum de estreia dos Fischer-Z, “Word salad”, escolhida para a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock (1980), que ocupava o 7.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980, semana em que a colectânea “O Rock em Stock” entrou nos 10 primeiros do top de vendas nacional e em que “Word salad” era o 6.º lugar no mesmo top de vendas.

Top de 7 de Junho de 1980 (singles)


Top de singles do Rock em Stock de 7/6/1980 (reconstituição) (duração: 24min)

Do 10.º para o 1.º lugar, os 10 singles do top do Rock em Stock de 7 de Junho de 1980.



Na mesma semana, 8 dos 10 singles mais vendidos em Portugal eram de canções passadas no Rock em Stock. Nos álbuns, 8 dos 9 álbuns mais vendidos no país (e todos os 6 primeiros) eram álbuns divulgados no Rock em Stock - e entre eles incluía-se “O Rock em Stock”, a colectânea comemorativa do 1.º aniversário do Rock em Stock, um disco que nada tinha de colectânea de “hits”.

Era uma revolução. Dois anos antes, o top nacional era dominado por nomes como Linda de Suza, Marco Paulo, Tonicha, José Cid e Roberto Leal, intercalados com Bee Gees e algum disco sound da moda. Olhamos para os 20 singles mais vendidos em Portugal em 1978 e não encontramos um único que déssemos como certo que teria passado no Rock em Stock, se já existisse Rock em Stock em 1978.

O crescimento da venda de discos e de cassetes explicará, pelo menos em grande parte, esta mudança. Em 1980, as vendas de discos aumentaram 15% e as de cassetes 20%. Terão sido principalmente os ouvintes do Rock em Stock a contribuir para esse crescimento.

Uriah Heep em Portugal


“I´m alive”, do álbum “Fallen angel”

Os ingleses Uriah Heep actuaram em Portugal em 6 e 7 de Junho de 1980, respectivamente no Porto e em Cascais. Em 1979, já tinham andado pelo top de álbuns do Rock em Stock, com o álbum “Fallen angel”.

Police – The bed's too big without you


Do álbum “Regatta de blanc”, que foi n.º 1 no top do Rock em Stock, a canção “The bed's too big without you” foi editada em single em Junho de 1980, em alguns países individualmente, noutros num pacote intitulado “Six pack”, que reunia esse e os outros 5 singles até então editados pela banda, e que chegaria ao 17.º lugar no top britânico em 21 de Junho. A versão  de “The bed's too big without you” editada em single no “Six pack” era uma versão mono e mais curta do que a do álbum (disponível aqui).

Adam & The Ants - The idea



“The idea”, do álbum de estreia de Adam & The Ants, “Dirk wears white sox”, editado no final de 1979, e que ficou para a história como o primeiro álbum a liderar o top independente britânico, no início de 1980. Em 1981, e já após o sucesso alcançado pelo segundo álbum da banda, “Kings of the wild frontier”, o álbum “Dirk wears white sox” entrou no top britânico, onde permaneceu entre Janeiro e Agosto de 1981, chegando ao 16.º lugar.

Specials – Too much too young


10.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 4 de Junho de 1980

A canção “Too much too young” foi inspirada no tema “Birth control”, editado em 1969 pelo jamaicano Lloyd Charmers. Na sua versão mais curta (a do EP ao vivo “Too much too young”), liderou durante duas semanas o top britânico de singles, no início de 1980 e foi 2.º lugar no top de singles do Rock em Stock durante três semanas, em Março de 1980. Quanto ao álbum (“The Specials”), permaneceu mais de 10 meses seguidos no top britânico (chegando ao 4.º lugar) e foi um dos 30 mais vendidos do ano. O álbum entrou no top do Rock em Stock no início de Março e aí se manteve até Maio, quando foi criado o top de bandas de ska e de reggae. “Too much too young” era o 10.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 4 de Junho de 1980.

UB40 – King



Martin Luther King é o “King” cantado pelos UB40, desalentados pelo rumo da causa de King após a sua morte: «You had a dream of a promised land / People of all nations walking hand in hand / But they're not ready to accept / That dream situation, yet // King, where are your people now? / Chained and pacified. / Tried in vain to show them how. / And for that you died».

O single de estreia dos UB40, editado em 1980, era de duplo Lado A, surgindo “King” como lado “A” e “Food for thought” como lado “AA”. Mas foi “Food for thought” que acabou por se impor, sobretudo na rádio.

O single foi n.º 1 do top independente britânico (“Indie Chart”) durante 12 semanas, entre 8 de Março e 30 de Maio de 1980, um recorde que só seria superado três anos depois. Chegou também ao 4.º lugar no top britânico de singles em Abril de 1980, tornando-se o primeiro single a chegar aos dez primeiros do top 10 britânico sem ser de uma grande editora ou de uma pequena editora suportada por uma grande editora. O single, editado pela editora independente Graduate Records, chegou também ao 10.º lugar na Irlanda em Maio de 1980 e ao 1.º lugar na Nova Zelândia em Setembro e Outubro de 1980.

Os UB40 ocupavam o 7.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 4 de Junho de 1980.

Lambrettas – Poison ivy


3.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 4 de Junho de 1980

A versão de “Poison ivy”, canção originariamente editada pelos Coasters em 1959, editada em single em 1980 pelos ingleses Lambrettas. Chegou, em Abril de 1980, ao 7.º lugar no top britânico, fazendo dele o disco mais bem-sucedido desta banda de curta vida (1979-1982).

“Poison ivy” era o 3.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 4 de Junho de 1980.

Motels – Closets & bullets


“O Rock em Stock”: 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de maio de 1980

“Closets & bullets”, do álbum de estreia dos californianos Motels, liderados por Martha Davis, uma das canções que integrou o disco comemorativo do 1.º aniversário do Rock em Stock, que era o 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de maio de 1980.


Wild Horses – Criminal tendencies

“O Rock em Stock”: 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de maio de 1980

“Criminal tendencies”, do álbum de estreia dos ingleses Wild Horses, editado em Abril de 1980. A canção, que já tinha sido editada em single, foi um dos temas incluídos no álbum comemorativo do 1.º aniversário do Rock em Stock, que era o 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de maio de 1980.

Feelies - Everybody's Got Something To Hide (Except Me And My Monkey)


13.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de Maio de 1980

A versão da canção dos Beatles, de 1968, “Everybody's Got Something To Hide Except Me And My Monkey”, pelos Feelies, do álbum “Crazy Rhythms”, álbum que ocupava o 13.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de Maio de 1980.

Rush – The spirit of radio


14.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de maio de 1980

A homenagem dos canadianos Rush aos programas de rádio livres, cujos locutores só passavam o que verdadeiramente queriam, e a crítica ao número crescente de programas radiofónicos que se afastavam desse ideal, movidos em primeiro lugar pelo dinheiro – assim resumiram “The spirit of radio” Neil Peart (autor da letra) e Alex Lifeson (co-autor da música), respectivamente baterista e guitarrista dos Rush.

O final da letra da canção («For the words of the profits / Were written on the studio Wall / Concert hall / And echoes with the sound of salesmen») é uma transformação do final da letra de “The sound of silence” de Simon & Garfunkel («The words of the prophets / Are written on the subway walls / And tenement halls» // «And echoed» // «In the sounds of silence»).

Ironicamente, e como notaria Neil Peart, a canção teve tanto sucesso radiofónico que até o tipo de programas por ela criticados a passavam, ignorando o seu significado.

“The spirit of radio” foi editado em single e foi, no Reino Unido, o primeiro single dos Rush a entrar nos 20 primeiros do top (chegou ao 13.º em Março de 1980) e, no Canadá, o primeiro single da banda a entrar nos 30 primeiros (chegou ao 22.º lugar em Abril de 1980).

Na canção, os Rush começam a aventurar-se no Reggae (parte final da canção), crê-se que por influência dos Police, banda cuja música os Rush admiravam.

“The spirit of radio” foi, em grande parte, responsável pelo sucesso alcançado pelo álbum “Permanent Waves”, um verdadeiro marco na história dos Rush. Foi o primeiro álbum da banda a chegar aos 10 primeiros no Reino Unido, onde chegou ao 3.º lugar (Fevereiro de 1980); também nos EUA foi o primeiro álbum dos Rush a entrar nos 10 primeiros (4.º lugar em Março de 1980); e no país-natal da banda, o Canadá, onde foi o 7.º álbum mais vendido do ano, “Permanent waves” chegou ao 3.º lugar em Março de 1980 (o melhor conseguido pela banda até então) e permaneceu 8 meses no top.

O álbum “Permanent waves” era o 14.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de Maio de 1980.

Bad Manners – Ne-Ne Na-Na Na-Na Nu-Nu


2.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 28 de Maio de 1980

Do álbum de estreia dos ingleses Bad Manners, “Ska‘n’B”, editado em Abril de 1980, “Ne-Ne Na-Na Na-Na Nu-Nu“ é uma versão de uma canção de 1958 de Dicky Doo And The Don'ts. O single chegou, em Maio de 1980, ao 28.º lugar do top britânico, no qual se manteve três meses. Também em Maio, o álbum atingiu o 34.º lugar no top britânico.

“Ne-Ne Na-Na Na-Na Nu-Nu” era o 2.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 28 de Maio de 1980.

Linton Kwesi Johnson – Forces of viktry


7.º lugar no top de bandas de ska e reggae do Rock em Stock de 28 de Maio de 1980

Com a participação de Rico, o trombonista que gravou com os Specials “A message to you Rudy” e outros temas, a canção “Forces of viktry” fazia parte do álbum “Forces of Victory”, o álbum que David Bowie, um quarto de século mais tarde, haveria de rotular como «um dos mais importantes discos reggae de rodos os tempos», tendo-o incluído numa lista de 25 discos “favoritos”. No ano da sua edição, o álbum surgiu em algumas listas dos melhores discos do ano.

O álbum “Forces of Victory” entrou no top de álbuns do Rock em Stock em 8 de Março de 1980 e chegou ao 4.º lugar em 26 de Abril. Com a criação do top de bandas de ska e reggae, transitou para este top, onde ocupava ainda o 7.º lugar no top de 28 de Maio.

Matchbox – Rockabilly rebel


2.º lugar no top de singles do Rock em Stock de 30 de maio de 1980

Uma das mais bem-sucedidas canções dos ingleses Matchbox, “Rockabilly rebel” foi mesmo o único disco da banda a chegar a n.º 1, o que aconteceu em Agosto de 1980 na Nova Zelândia (onde a banda teve de editar discos sob o nome “Major Matchbox”, porque já existia outra de nome Matchbox na Austrália). O single conheceu algum sucesso noutros países e no Reino Unido chegou ao 18.º lugar.

No top de singles do Rock em Stock, chegou ao 2.º lugar em 30 de Maio de 1980.

Os Matchbox haveriam de fazer em Portugal o concerto comemorativo do 3.º aniversário do Rock em Stock, em 1982.