Viagem aos anos da New Wave, tendo por referência o programa de rádio Rock em Stock, de Luís Filipe de Barros, na sua primeira fase (1979/1982). Celebrando os 40 anos do Rock em Stock.
8.º
lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30 de Maio de 1979
As
2.ª e 3.ª músicas do álbum de estreia dos Van Halen eram habitualmente tocadas
juntas na rádio, transformando “Eruption” numa espécie de introdução a “You
really got me”. Com o tempo, as duas músicas tornaram-se quase inseparáveis. Optámos
por separá-las, mas em baixo é possível ouvir as duas músicas de seguida.
A
pequena obra-prima “Eruption” - que foi gravada por acaso (o guitarrista Eddie
Van Halen estava apenas a ensaiar) – é largamente citada como um dos melhores
solos de guitarra de todos os tempos.
“You
really got me” é uma poderosa cover do clássico dos Kinks, que o próprio Ray
Davies (líder dos Kinks) considerou um dia ser bastante melhor do que o
original da sua banda, afirmando que seria como comparar uma pequena avioneta com
um avião a jacto.
O
álbum “Van Halen” chegou ao 8.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 30
de Maio de 1979.
Com
um início de carreira bastante produtivo (cinco álbuns entre 1979 e 1981) e uma
tendência new wavish crescente, os Simple Minds estrearam-se com o álbum “Life
in a day”, que chegou ao top 30 britânico em Maio de 1979.
“I
don´t mind”, o primeiro dos dois singles retirados do álbum de estreia dos
Buzzcocks “Another Music in a Different Kitchen”, e que faz parte da compilação
“Singles going steady”, editada em 1979. O álbum chegou a 15.º no top britânico
e, na história dos Buzzcocks, este marco seria apenas ultrapassado pelo álbum
seguinte.
“Sunday
girl”, single dos Blondie retirado do álbum “Parallel lines”, o segundo
álbum a ocupar o 1.º lugar no top do Rock em Stock, em Maio de 1979.
A
canção foi escrita por Chris Stein (um dos membros da banda) para animar
Deborah Harry (então sua namorada), depois de o gato desta ter fugido de casa
durante uma digressão dos Blondie. O gato chamava-se Sunday Man. “Sunday girl”
- single que não foi editado na terra natal dos Blondie (EUA) - foi n.º 1 em
Inglaterra no final de Maio e nas primeiras semanas de Junho de 1979.
Além
da versão original incluída no álbum, há mais duas versões desta música: a
versão francesa, que foi o lado B em algumas edições do single; e uma versão bilingue
(inglês e francês), especialmente misturada para a primeira compilação dos
Blondie (1981).
1.º
lugar no top do Rock em Stock em 16, 19, 23, 26 e 30 de Maio de 1979
“Sultans
of swing”, o eterno clássico dos Dire Straits, foi o primeiro single da banda
dos irmãos Knopfler (Mark Knopfler e David Knopfler), editado na Primavera de
1978, uns meses antes do álbum, tendo sido um total fiasco comercial. O álbum,
por seu turno, teve meia dúzia de aparições fugazes no top 100 britânico, a
partir do Verão de 1978, até finalmente começar a escalar o top em 1979. Foi
nessa altura que, quer nos EUA, quer no Reino Unido, foi feita uma reedição do
single “Sultans of swing”, que chegou finalmente aos tops de vendas, atingindo o
4.º lugar nos EUA e o 8.º no top britânico, já na Primavera de 1979.
Aquela
que se tornou a versão definitiva de “Sultans of swing” (a do álbum) é uma das seis
versões editadas pelos Dire Straits em 1978, sendo que nenhuma das outras cinco
chegou alguma vez a ser editada em CD.
Segundo
Mark Knopfler, a letra da canção é inspirada num episódio por ele vivido num
bar onde entrou em Ipswich, quando uma banda medíocre, que tinha acabado de tocar
para uma assistência de meia dúzia de embriagados, se despediu com as palavras "Goodnight
and thank you very much. We are the sultans of swing".
Como
curiosidade, na letra da música, “Guitar George” (“Check out Guitar George / He
knows all the chords / But it's strictly rhythm / He doesn't want to make it
cry or sing / If any old guitar is all he can afford / When he gets up under
the lights to play his thing”) e “Harry” (“And Harry doesn't mind if he doesn't
make the scene / He's got a daytime job / He's doing alright / He can play the
honky tonk like anything / Savin' it up for Friday night”) são dois membros dos
Flash and the Pan (e, anteriormente, dos Easybeats), respectivamente George
Young (irmão mais velho de Malcom e Angus Young dos AC-DC) e Harry Vanda, tendo
ambos ajudado a lançar os AC-DC.
“Sultans
of swing” foi cinco vezes seguidas 1.º lugar do top de singles do Rock em Stock,
em 16, 19, 23, 26 e 30 de Maio de 1979.
Jean-Jacques
Burnel (Stranglers) partilhava um apartamento no bairro londrino de West
Hampstead com Wilko Johnson (Dr. Feelgood) e uma rapariga que trabalhava para
os Sex Pistols. Uma noite, ao regressar ao apartamento, Jean-Jacques Burnel
descobriu que a rapariga tinha sido violada por cinco homens armados, que tinham
conseguido entrar sem dificuldade no edifício. Aconteceu naquele velho prédio
de West Hampstead, a apenas 5 minutos da rua mais rica de todo o Reino Unido, a
Bishops Avenue e os seus condomínios fechados com câmaras de vigilância e
entradas electrónicas. “5 minutes” surge na sequência deste episódio. “Et si je
les trouve / Ma pauvre chou chou enculée / Je les aurais”.
Os Stranglers
foram, desde a primeira hora (1977), bem sucedidos em Inglaterra (com os três
primeiros álbuns a atingirem os lugares cimeiros do top de vendas) e o single
“5 minutes” não fugiu muito à regra, tendo chegado ao 11.º lugar no top britânico
de singles.
Depois
dos fracassos de “Roxanne” e de “Can’t stand losing you”, os Police tentaram,
em Novembro de 1978, “So lonely”, terceiro single retirado do álbum “Outlandos
d’Amour” (1978) - mas foi outro fiasco. Como já se escreveu aqui, a história só
começaria a mudar para os Police em 1979, primeiro nos EUA e depois em Inglaterra.
Os três singles voltariam a ser editados em 1979-1980, mas agora com resultados
bem diferentes. E “So lonely” entraria no top britânico (só) em Fevereiro de
1980, chegando ao 6.º lugar.
A
“So lonely” estão ligados Bob Marley e uma banda chamada Last Exit. Esta foi a
primeira banda a que pertenceu Sting e para a qual Sting escreveu “Fool in
love”, música da qual chegou a ser gravada pelos Last Exit uma demo em 1976. Ao
ouvirmos “Fool in Love”, reconhecemos de imediato
aquela que acabaria por ser a letra de “So lonely”, dos Police, mudando apenas
o refrão (limitado às palavras “so lonely”).
A
parte reggae da canção tem a marca de Bob Marley. Como revelariam os membros
dos Police numa entrevista, a banda foi buscar o
ritmo reggae de “So lonely” ao clássico “No woman no cry”, de Bob Marley (não a
versão ao vivo mundialmente conhecida, mas a versão original).
As
palavras “so lonely” são cantadas mais de 50 vezes na canção, o que não impediu
de serem mal interpretadas, naquela que é a história mais caricata ligada a
esta música dos Police. Em Inglaterra, muita gente, ao ouvir o refrão da
música, pensava estar a ouvir as palavras “Sue Lawley” (em vez de “so lonely”)
e que se trataria, por isso, de uma canção dedicada à apresentadora britânica
de televisão Sue Lawley. Como recordaria Sting no seu livro “Lyrics”,
a canção chegou a ser tocada na BBC (televisão) como uma homenagem a Sue
Lawley. Actualmente, essa interpretação ainda é feita. A própria Sue Lawley entregaria, em 1979, um prémio aos Police (vídeo aqui),
o que possivelmente terá contribuído para alimentar a confusão.
O
álbum que David Bowie quis produzir (mas não pôde) e que acabou por ser produzido
por Brian Eno, “Q: Are we not men? A: We are Devo!”, dos Devo, uma das bandas que
mais se ouviu nos primeiros tempos do Rock em Stock.
2.º
lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 23 de Maio de 1979
O
álbum “Manifesto”, dos Roxy Music (1979), no top de álbuns do Rock em Stock
desde a sua primeira edição, viria a atingir a sua melhor posição – 2.º lugar –
no top de 23 de Maio de 1979.
“Friends”,
do primeiro álbum de Gary Numan e a sua banda Tubeway Army, intitulado
precisamente “Tubeway Army”. Mais um caso de um álbum de estreia editado em
1978 que foi um fiasco nesse ano e só ganharia reconhecimento em 1979 – no caso
de Gary Numan, já depois do sucesso alcançado pelo segundo álbum.
1.º
lugar no top de álbuns do Rock em Stock em 12, 16, 19 e 23 de Maio de 1979
Canção
de protesto em roupagem pop, primeiro single retirado do álbum “Armed Forces”
(1979), “Oliver’s army” foi a mais bem recebida canção da carreira de Elvis
Costello. No libreto de uma das edições em CD de “Armed Forces”, Elvis Costello
explicou que escreveu a canção na viagem de avião de regresso da sua primeira
ida a Belfast (Irlanda do Norte), impressionado pela quantidade de adolescentes
do exército britânico nas ruas da cidade, com fardas de guerra e armas
automáticas. O “Oliver” do título é Oliver Cromwell, responsável pela
profissionalização do exército britânico no século XVII. A canção foi escrita
numa época de elevada taxa de desemprego, quando a entrada no exército era a
única saída para muitos jovens (“But there's no danger / It's a professional
career / Though it could be arranged / With just a word in Mr. Churchill's ear
/ If you're out of luck or out of work / We could send you to Johannesburg”). As
metrópoles de Liverpool, Londres e Newcastle, particularmente afectadas pelo
desemprego, nas quais o exército recrutava muitos adolescentes no final da
escolaridade obrigatória, são concretamente versadas na canção, através da referência
aos rios que banhavam essas cidades (“With the boys from the Mersey and the
Thames and the Tyne”). «The song was based on the premise ‘they always get a
working class boy to do the killing’», resumiria mais tarde Elvis Costello.
Apesar
do seu teor político, “Oliver’s Army” escapou, à época, ao crivo da sempre-pronta-a-censurar-BBC,
mas, 34 anos depois, em 2013, a canção seria objecto de uma disparatada censura
por parte da BBC, por causa das palavras “white nigger”, uma referência à forma
como os irlandeses eram tratados belos britânicos (“Only takes one itchy
trigger / One more widow, one less white nigger”).
Tanto
o single “Oliver’s Army”, como o álbum “Armed Forces”, chegaram ao 2.º lugar no
top britânico.
Em
Portugal, o álbum “Armed Forces” foi n.º 1 no top de álbuns do Rock em Stock em
12, 16, 19 e 23 de Maio de 1979.
“Sex
& drugs & rock’n’roll”, de Ian Dury, a canção que se tornou um hino dos
tempos da New Wave, foi banida da BBC e ainda hoje é objecto de interpretações
precipitadas. Como single, foi um fiasco comercial, nunca tendo chegado a
entrar no top 100 britânico.
O
aclamado álbum de estreia de Ian Dury - “New boots and panties!!” - foi editado
logo a seguir, mas inicialmente não incluía “Sex & drugs & rock & roll”,
porque Ian Dury tinha como política não incluir canções já editadas em single
nos seus álbuns, por considerar que, de outra forma, estaria a enganar quem já
tinha gasto dinheiro no single. No entanto, a canção acabou por ser editada em
várias edições subsequentes do álbum, em 1977 e 1978 (incluindo em Portugal),
como faixa de abertura do lado B, embora sem constar da lista impressa no disco
e na capa. Por oposição ao falhanço comercial do single, o álbum esteve cerca
de dois anos no top britânico, entre Outubro de 1977 e Outubro de 1979,
atingindo a sua melhor posição (5.º) já em 1979, e em Junho de 1979 já era
disco de platina.
A
mais engraçada descoordenação de pernas dos anos da New Wave leva-nos a fazer
uma excepção às nossas regras e a exibir o vídeo (e não apenas a música, sem imagens)
de “Pump it up”, de Elvis Costello (1978).
Os
ingleses Hugh Cornwell, Dave Greenfield e Jet Black e o franco-britânico Jean-Jacques Burnel: os quatro magníficos Stranglers, uma das bandas
fundamentais do Punk e da New Wave.
“Disco
really made it / It's empty and I hate it”. Uma das curiosidades dos tempos
iniciais do Rock em Stock, a banda de New Wave holandesa “Gruppo Sportivo” e
“Disco really made it!” (1979), o single que ocupava o 2.º lugar no top do Rock
em Stock de 12 de Maio de 1979. Em 1979, assistia-se a um crescente movimento hostil
ao Disco (cujo declínio vertiginoso terá início nesse ano) e alguns dos
manifestos musicais anti-Disco que então se fizeram foram em ritmo Disco. “She
was in love with a DJ but she couldn't dance / It was a low budget disco movie
romance / She had lips like a lolly but she couldn't sing / It was a greasy production:
boring / In Holland they got fantasy / They're trying to do the same movie you
know / Rock 'n' roll it's over now / Today it's(…)unga unga unga unga disco”.
No
Rock em Stock, o Anti-Top, que nascerá mais tarde nesse ano, insere-se, de certa
forma, nesse movimento anti-Disco que então proliferava (e “Born to be alive”,
uma canção Disco que foi campeã de vendas em quase todo o lado, será
sistematicamente votado como o tema mais odiado).
“Lucky number”, com o seu invulgar refrão, a canção que fez
a glória (efémera) de Lene Lovich e uma das músicas icónicas da New Wave. O
sucesso que a música teve terá apanhado a própria Lene Lovich de surpresa, ou
não tivesse “Lucky number” sido inicialmente apenas o lado B de um single editado
no Verão de 1978. Foi com o lançamento do álbum “Stateless”,
no Outono desse ano, que a música começou a despertar atenção. E acabaria por
ser reeditada em single em Inglaterra, em 1979, agora como lado A. Esteve mais
de um mês entre os dez primeiros do top britânico (chegou ao 3.º lugar) e ficou
no 34.º lugar no top 100 do ano de 1979.
O sucesso estendeu-se a alguns outros países, mas, tanto quanto
se sabe, Portugal foi o único onde “Lucky number” foi 1.º lugar: ficou para a
história como o primeiro n.º 1 do top de singles do Rock em Stock (top de singles de 12 de Maio de 1979).
Logo em 1979, Nina Hagen editaria uma cover de “Lucky number”,
em língua alemã.
Depois do top de álbuns, que conheceu a sua primeira edição
em 28 de Abril de 1979, surge, em 12 de Maio, o top de singles do Rock em Stock,
que, tal como o de álbuns, se manterá até 1982. Será também conhecido como “top
de 45 rotações”, por referência à velocidade de rotação do single em vinil (45
rotações por minuto).
O top de singles começa como um top de apenas 5 discos (mais
tarde será alargado para 10 e depois para 20 singles). É emitido nos mesmos
dias que o top de álbuns, antecedendo-o, e, portanto, durante cerca de oito
meses, terá também duas edições por semana, ao sábado e à 4.ª feira.
Sendo o single um formato mais comercial, tratar-se-á,
naturalmente, de um top de canções mais leves. Mas nem sempre isso será óbvio,
e haverá, por exemplo, singles dos Plasmatics ou dos Dead Kennedys no top do
Rock em Stock.
O single ainda tinha, naquela época, uma importância que
posteriormente perdeu. Era também comum haver músicas editadas apenas em
single, ou músicas que, embora incluídas também em álbum, eram editadas em single
em versões diferentes. Haverá vários exemplares na história do top de singles
do Rock em Stock.
“Come back Jonee”, um dos grandes clássicos dos Devo, do álbum
“Q: Are we not men? A: We are Devo!”, 6.º lugar no top de álbuns do Rock em
Stock de 9 de Maio de 1979.
A chegada dos Van Halen ao top do Rock em Stock, com o histórico
álbum de estreia “Van Halen”, de 1978, um marco na história do Hard Rock. 20.º
lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Maio de 1979.
O álbum de estreia de Lene Lovich, “Stateless”, um disco que
desafiou convenções. 2.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Maio
de 1979, o mês em que é editado o single “Say when”, o único de Lene Lovich,
além de “Lucky number”, a figurar no top 20 britânico. “Baby, I'll say when to
stop”, cantava Lene Lovich.
“Germ Free Adolescents”, dos X-Ray Spex. De regresso ao 1.º
lugar, no top de álbuns do Rock em Stock de 9 de Maio de 1979, o primeiro a ir
para o ar a uma 4.ª feira (durante cerca de oito meses, haverá dois tops por
semana, à 4.ª feira e ao sábado).
“Sloppy”, do álbum de estreia dos Devo, “Q: Are we not men? A:
We are Devo!”. “I saw my baby yesterday / She spent her money on a car / I
didn't get her very far / So my baby said to me / You know my baby / She said
sloppy / I think I missed the hole”.
“Oulandos D’Amour”, dos Police, 6.º lugar no top de álbuns
do Rock em Stock de 5 de Maio de 1979. As palavras nada simpáticas cantadas em “Peanuts”
– “It's all a game / You're not the same / Your famous name / The price of fame(…) There's something wrong / Your brain
is gone (…) Don't want to hear about the lives you're faking” – eram sobre Rod
Stewart, de quem Sting era um fã desiludido, como revelaria numa entrevista em 1979. Anos mais tarde, depois de ter vivido a vida
de uma estrela pop, “por vezes uma estrela pop decadente”, e de ter sido vítima
do mesmo tipo de “distorções” por parte dos tablóides, Sting lamentaria o julgamento
“fácil” feito em “Peanuts”.
O álbum “Remote Control”, dos Tubes, 4º lugar no top de
álbuns do Rock em Stock de 5 de Maio de 1979. Em “TV is king”, os Tubes
cantavam “I really love my television / I love to sit by television / Can't
live without my television / I can't turn off my television / Don't really know
why television / I understand my television / I really love my television / TV
is king / You're my everything”. Remote Control era um álbum conceptual inspirado
no romance “Chance” (“Being there” no título original), de Jerzy Kosinski
(1970), que nesse ano de 1979 foi também adaptado ao cinema (título em
português do filme: “Bem-vindo, Mr. Chance”), sobre um homem (Chance) solitário
e analfabeto que só conhece o mundo através da televisão (mais expressivo é o
titulo do livro no Brasil: “O videota”).
Remote Control é outro disco que, retrospectivamente, tem
melhor crítica do que aquela que mereceu à época. O reconhecimento, no caso da
Rolling Stone, foi tão rápido quanto caricato: depois de uma má crítica em 1979,
logo dois anos depois, aquando da edição do álbum seguinte dos Tubes, a mesma revista
sentenciaria que era difícil superar “Remote Control”.
Editado em Março de 1979, Remote Control foi o álbum dos
Tubes mais bem-recebido no Reino Unido (foi mesmo o primeiro dos Tubes a chegar
ao top de vendas britânico, em Junho de 1979, atingindo o 40.º lugar, melhor do
que o 46.º lugar a que chegou no top dos EUA, terra natal dos Tubes), mas teve
passagens muito fugazes pelos tops de vendas.
O álbum “Parallel lines”, dos Blondie, chegou a 1.º
lugar do top de álbuns do Rock em Stock em 5 de Maio de 1979. O álbum recebeu a
aclamação geral da crítica e foi um estrondoso sucesso de vendas (só em
Inglaterra esteve mais de 2 anos no top de vendas, dos quais 8 meses seguidos
no top 10, entre Janeiro e Setembro de 1979).
O álbum “Outlandos D’amour”, o primeiro dos Police - 15.º no
top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Abril de 1979. Mais um álbum de 1978
que, mesmo em Inglaterra, só “despertou” em 1979. Em 1978, tinham já saído os
três singles óbvios retirados do álbum (“Roxanne” na Primavera de 1978, “Can’t
stand losing you” no Verão e “So lonely” no Outono), mas foram todos um fiasco:
“Can’t stand losing you” ainda teve uma passagem fugaz pelo top britânico, mas os outros dois singles nem isso. Em Novembro, foi editado o
álbum, mas foi outro fiasco total. As críticas do disco, à época, foram, aliás,
maioritariamente negativas.
Foi uma digressão norte-americana dos Police em Março de
1979 que mudou o rumo dos acontecimentos. O single “Roxanne” entrou no top
norte-americano no final de Fevereiro e chegaria a 32.º precisamente em 28/4/1979.
O álbum “Outlandos D’Amour” entraria no top no início de Março, chegaria a 23.º
no início de Maio de 1979 e permaneceria mais de um ano no top. Com o embalo da
recepção mais positiva nos EUA, veio a segunda oportunidade britânica: o single
“Roxanne” foi reeditado (um ano depois da primeira edição), desta vez entrou no
top britânico, precisamente em 28/4/1979, e chegaria a 12.º (“Can´t stand
losing you” também seria reeditado mais tarde nesse ano e chegaria ao 2.º lugar).
E o álbum “Outlandos D’Amour” chegou finalmente ao top britânico no final de Abril
de 1979 e aí permaneceu quase 2 anos, até Fevereiro de 1981 (chegando a 6.º já
no Outono de 1979).
Hoje, as críticas retrospectivas do primeiro álbum dos Police
são bem diferentes das iniciais. Como diferente é o reconhecimento sobre “Roxanne”, uma
música sobre um homem que se apaixona por uma prostituta, tida como um dos
hinos dos anos da New Wave.
O álbum “Stateless”, o primeiro de Lene Lovich, viu a luz do
dia no Outono de 1978, mas seria preciso esperar por Março de 1979 para o disco
– à boleia do single “Lucky Number”, entretanto editado em Fevereiro – surgir
no top britânico, por onde deambulou durante três meses, atingindo a sua melhor
posição em Abril (35.º), o mês em que apareceu o Rock em Stock. Aos EUA, o
álbum só chegaria no Verão de 1979 (com um modesto 137.º como melhor posição). De
uma maneira geral, o álbum foi muito bem recebido pela crítica, mas vendeu
pouco.
Presente no top do Rock em Stock desde a sua 1.ª edição (“Stateless”
era 18.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Abril de 1979), Lene Lovich
foi uma das estrelas da New Wave no primeiro ano de vida do Rock em Stock, a
ponto de ter sido ela a fazer, em 1980, o concerto comemorativo do 1.º aniversário
do Rock em Stock.
“Stateless” foi editado em duas versões diferentes, sendo “Home”
uma das músicas que ganhou uma roupagem diferente na versão definitiva do disco
(a versão original da música pode ser ouvida aqui).