X-Ray Spex – Art-I-ficial


1.º lugar no top de álbuns do Rock em Stock de 28 de Abrilde 1979: “Germ Free Adolescents”, o invulgar disco Punk com saxofone, dos X-Ray Spex. Foi o primeiro n.º 1 do top do Rock em Stock, como lembraria mais tarde Luís Filipe Barros, à passagem do 2.º aniversário do programa (referindo erradamente “18" de Abril de 1979):

11/4/1981: relembrando o primeiro n.º 1 do top do Rock em Stock


Logo na sua 1.º edição, o top do Rock em Stock começava a fazer história. Possivelmente, o Rock em Stock, em Portugal, terá sido o único top onde “Germ Free Adolescents”, disco editado em 1978, foi alguma vez n.º 1. O álbum teve um sucesso muito limitado à época (14 semanas no top 100 de vendas britânico, entre Dezembro de 1978 e Março de 1979, sendo a melhor posição um 30.º lugar), não figurou sequer entre os 50 discos mais vendidos em Inglaterra em 1978 ou 1979 e foi mesmo preciso esperar até aos anos 90 para ser editado nos EUA. 

No entanto, hoje, “Germ Free Adolescents” é amplamente citado ou listado como um dos melhores discos de sempre do Punk.


Não fosse um segundo disco editado quase 20 anos mais tarde, “Germ Free Adolescents” teria sido o único álbum dos X-Ray Spex. Poly Styrene, a vocalista, abandonaria a banda em meados de 1979, após a única digressão do grupo, o que acabaria por ditar o fim dos X-Ray Spex.

28/4/1979: O primeiro top do Rock em Stock


Top de álbuns do Rock em Stock – 28 de Abril de 1979 (duração: 23:44)

O primeiro top de álbuns do Rock em Stock foi emitido no sábado, dia 28 de Abril de 1979. Eram estes os 10 primeiros lugares:


Abril de 1979: nasce o célebre top do Rock em Stock


Como se escreverá mais tarde, o impacto que este programa teve deve-se em grande parte ao famoso top do Rock em Stock, que se tornará central neste programa. Não será arriscado dizer que nenhum outro top atingiu alguma vez, em Portugal, o estatuto de celebridade que teve o top do Rock em Stock. Ou não fosse este o top que levava milhares de pessoas a sairem mais cedo da praia para o irem ouvir.

O modelo, que se tentará replicar depois noutros programas de rádio, foi pioneiro. O que havia antes do top do Rock em Stock era o top nacional de vendas de discos.

O top do Rock em Stock nasce logo na 3.ª semana de vida do programa: o primeiro top de álbuns vai para o ar em 28 de Abril de 1979. O top é composto de 20 álbuns, formato que nunca se alterará, ainda que por vezes sejam também revelados (mas nunca tocados na emissão do top) os álbuns do 21.º ao 30.º lugar.

É um top dos ouvintes. O top era feito a partir de votações feitas pelos ouvintes, que escolhiam cinco álbuns por ordem de preferência, a partir de telefone em dias específicos da semana ou por postal dos CTT enviado para a Rádio Comercial.

Numa aposta anómala e arriscada, a partir de 5 de Maio o top terá duas edições semanais, à 4.ª feira e ao sábado. Este modelo de dois tops por semana vai manter-se durante 8 meses.

(O top de álbuns foi o primeiro a aparecer. O top de singles surgirá depois, em meados de Maio. Em 1980, aparecerá o Top de Bandas de Ska e Reggae. Entretanto, existirá também um “Anti-top”.)

O primeiro horário do Rock em Stock


O Rock em Stock iniciou-se em Abril de 1979 com três horas diárias: ia para o ar entre as 15h e as 18h, de segunda a domingo. Este ambicioso horário de 21 horas semanais manter-se-á até 1980.

Este horário alargado criava algumas dificuldades. Numa fase em que o programa até recorria muito a discos emprestados, era impossível fazer do Rock em Stock um programa onde passasse unicamente a música mais recente. Só em 1980, quando o horário será reduzido, é que aumentará o nível de “actualidade” do programa.

Os primeiros meses do Rock em Stock são, desse ponto de vista, menos interessantes, porque o programa recorrerá muito a música menos recente, e terá mesmo edições fixas dedicadas à música dos anos 60 e à música dos anos 50.

Os tops do Rock em Stock reflectirão, de alguma forma, esta evolução. Até aos primeiros meses de 1980, a percentagem de discos recentes nos tops não será tão elevada. Nunca haverá, nos tops, discos dos anos 50 ou 60, mas encontraremos alguns discos com dois, três ou quatro anos de idade, situação esta que a partir de 1980 se tornará muito rara.

O Rock em Stock nasce decidido a apostar na New Wave e no Hard Rock. A grande novidade era, naturalmente, a New Wave, não o Hard-Rock. O Rock em Stock nasce em plena explosão da New Wave, que já tinha conhecido alguns discos fundamentais em 1978, por exemplo dos Devo, Police, Dire Straits, Blondie ou Elvis Costello. Muitos desses discos de 1978 vão estar, a par das novidades de 1979, muito presentes no período inicial do Rock em Stock e nos tops desse período.

Devo - Uncontrollable urge

“Uncontrollable urge” – Devo (1978)

Formados no início da década de 70, os Devo, uma das bandas fundamentais da New Wave, penaram anos até editarem o seu primeiro álbum, “Q: Are we not men? A: We are Devo!”, na segunda metade de 1978, com a mãozinha de David Bowie e também de Brian Eno, que produziu o disco.

O indicativo do Rock em Stock


O bem conseguido indicativo do Rock em Stock, na sua 1.ª fase (1979/1982), era uma mistura de quatro excertos de músicas, mais precisamente duas peças principais, às quais foram sobrepostos, no início e no fim do indicativo, sons de duas outras músicas.

A 1.ª parte do indicativo correspondia aos 25 segundos iniciais de “Night Woman”, uma velha música dos escoceses Nazareth.

A 2.ª parte correspondia aos 35 segundos iniciais de “I´m O.K.”, dos norte-americanos Styx. Nesse excerto inicial ouvem-se as palavras “Hey, Hey, Hey, Hey, Eight, Skate, Seven on the Rotate!”.

A voz de Luís Filipe Barros, anunciando, em perfeita sintonia com a música, como se as palavras fizessem parte dela, “RDP – Rádio Comercial FM Estéreo”, fazia a transição entre a 1.ª e a 2.ª parte. “RDP - Rádio Comercial” era o nome oficial da estação. “FM Estéreo” era um dos seus dois canais (o outro era a Onda Média). A referência ao “FM Estéreo” iria manter-se no indicativo mesmo quando o programa, no seu auge, começou a ser transmitido também na Onda Média.  

A voz de Luís Filipe Barros voltava no final do indicativo, anunciando o nome do programa.  

A história do Rock em Stock conheceu três indicativos (o segundo e o terceiro já no período entre 1986 e 1993). O único traço comum aos três era o excerto de “I’m O.K.”, dos Styx, que se tornou uma espécie de imagem de marca do programa.

Esta música ficou de tal forma associada ao programa que, a qualquer ex-ouvinte, ao escutar os segundos iniciais de “I’m O.K.”, o que virá à memória não são os Styx, mas sim o Rock em Stock.   

O álbum “Pieces of Eight”, dos Styx, de que fazia parte aquela música, era relativamente recente (tinha sido editado poucos meses antes do início do Rock em Stock) e chegou a ocupar lugar de destaque nos primeiros tops do Rock em Stock, a partir do final de Abril de 1979.

9 de Abril de 1979 - Rock em Stock, dia 1


Rock em Stock - 1.ª emissão - Abril de 1979 (reconstituição)
  
Segunda-feira, 9 de Abril de 1979, poucos minutos depois das 15h. Poderão ter sido assim os minutos iniciais da primeira emissão do Rock em Stock. Reza a História que a primeira música tocada no Rock em Stock foi “Turn me on”, dos Tubes. "Tudo começou com este disco", como lembrava Luís Filipe Barros aos microfones, à passagem do 2.º aniversário do programa (embora referindo erradamente a data de 12 de Abril):
Rock em Stock - 11 de Abril de 1981 - Relembrando a 1.ª emissão em Abril de 1979


O Rock em Stock começou, assim, com uma música de um disco (o álbum conceptual “Remote Control”, dos Tubes) que tinha sido editado dias antes nos EUA e era uma novidade em Portugal, dando, por assim dizer, mote a um programa que iria ser responsável pela divulgação em Portugal de muita música nova e haveria mesmo de se gabar de fazer estreias mundiais de discos.

9 de Abril de 1979, a grelha da Rádio Comercial



A primeira programação do FM Estéreo da Rádio Comercial estava definida no princípio de Março de 1979 e as emissões regulares da nova estação começaram, oficialmente, em 12 de Março (havia emissão experimental desde dia 1).

Mas a primeira emissão do Rock em Stock só viria a acontecer em 9 de Abril, tendo sido o último programa da grelha a começar as suas emissões. O último a ir para o ar – que viria a tornar-se o mais ouvido na rádio FM em Portugal.

Na imagem, a grelha da RDP – Rádio Comercial do dia 9 de Abril de 1979.

A primeira equipa do Rock em Stock


Jaime Fernandes, Luís Filipe Barros e Paulo Coelho. A fotografia de Paulo Coelho é recente e é retirada da sua página de Linkedin


Com a entrada do último elemento (Luís Filipe Barros), fica definida a equipa do programa Rock em Stock, que será um programa realizado por Jaime Fernandes.

Os locutores são Jaime Fernandes, Luís Filipe Barros e, nas folgas, Paulo Coelho. Este esquema só vigorará cerca de um mês, pois Luís Filipe Barros rapidamente vai impor-se como locutor do Rock em Stock.

Nos primeiros dias de Abril de 1979, as grelhas da Rádio Comercial publicadas nos jornais já incluem o Rock em Stock. Mas a primeira emissão do programa acabará por ir para o ar apenas na segunda semana de Abril.